Mobilização nas ruas de Conquista cobra valorização do professor e investimento na educação municipal
Por Karina Costa - 21 de março de 2024
Com faixas e cartazes, sociedade civil e entidades sindicais denunciaram a falta de infraestrutura de qualidade em escolas do município. O ato foi convocado pelo Sindicato do Magistério Municipal Público (Simmp).
Professores, estudantes e integrantes de diferentes movimentos sociais caminharam pelas ruas de Vitória da Conquista na Marcha Municipal em Defesa da Educação Pública. O ato, realizado na manhã desta quinta-feira, 21, foi convocado pelo Sindicato do Magistério Municipal Público (Simmp). Com faixas e cartazes, sociedade civil e entidades sindicais denunciaram a falta de infraestrutura de qualidade em escolas do município, o fechamento de instituições de ensino no campo e a ausência de cuidadores para crianças autistas nas unidades escolares.
“Nossas escolas ainda são precarizadas, estão aquém do que deveriam ser, considerando os recursos que chegam. O dinheiro não está sendo devidamente investido na infraestrutura das escolas, no material didático, na merenda escolar, que ainda carece de uma boa qualidade e de uma quantidade que atenda a necessidade das crianças, principalmente nas escolas quilombolas onde há uma per capita maior”, disse Greissy Reis, presidente do Simmp.
A professora da rede municipal de ensino, Niltânia Brito, também destacou o desmonte da educação nas comunidades quilombolas de Vitória da Conquista. Durante o ato, ela ocupou o microfone aberto e ressaltou o fechamento de instituições de ensino na zona rural, que se acentuou a partir de 2018, nas gestões dos prefeitos Herzem Gusmão e Sheila Lemos. “Quando se fecha uma escola do campo, uma escola quilombola, se fecha a referência dessa comunidade, se fecha a possibilidade de legitimação de direitos”, afirmou.
Jessica Fontes, da Unidade Popular, relembrou que são as populações pobres e mais vulneráveis as principais prejudicadas com a desativação de escolas e creches no município. “Isso é um absurdo porque tira da juventude o direito de estudar, tira a perspectiva do estudo e da formação profissional. E quem a prefeita está tirando das escolas e consequentemente das universidades? É a juventude periférica, negra, as mulheres que precisam trabalhar e estudar ao mesmo”, explicou a estudante.
Além de professores municipais, o ato público também contou com a participação de organizações representantes do ensino superior, como a Associação dos Docentes da UESB (Adusb), da União de Mulheres de Vitória da Conquista (UMVC), do Conselho das Associações Quilombolas do Território do Sudoeste Baiano, e de movimentos culturais, como o Instituto Relicário e a Biblioteca Comunitária Donaraça, que atende crianças na zona rural da cidade.
A marcha saiu da Praça Guadalajara e seguiu em direção à Prefeitura Municipal, na Praça Joaquim Correia, no Centro. Na porta do Executivo, os participantes do ato entoaram “Fora Sheila Lemos” em meio a manifestações de repúdio à desvalorização do professor. Na ocasião, os docentes protestaram contra o Projeto de Lei 02/2024, enviado pela prefeita à Câmara de Vereadores, que propõe o reajuste salarial da categoria. O Simmp alega que o PL foi encaminhado para aprovação dos vereadores sem antes ser discutido com os professores em mesa de negociação.
Para a finalização do ato, um manifesto com as reivindicações dos professores foi protocolado no gabinete da prefeita Sheila Lemos. O documento foi assinado por um membro representante de cada entidade que auxiliou na construção da mobilização. Na sexta-feira, 22, os docentes do município devem protestar na Câmara Municipal de Vitória da Conquista contra o PL 02/2024, durante sessão ordinária do Legislativo.
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