Ipanema e Recanto das Águas lideram índice de infestação por Aedes Aegypti em Vitória da Conquista
Por Karina Costa - 21 de março de 2024
No primeiro Levantamento do Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) de 2024, 45 bairros apresentam índice de alto risco. Os dados foram coletados de 19 a 26 de fevereiro.
Em Vitória da Conquista, os dez bairros com as taxas mais altas de infestação por Aedes Aegypti são Ipanema (33,3%), Recanto das Águas (21,6%), Jurema (14%), Campinhos (13,7%), Morada dos Pássaros III (11,9%), Caminho do Parque (11,9%), Patagônia (11,7%), Santa Terezinha (10,1%), Bruno Bacelar (10,1%) e Cidade Maravilhosa (9,0%). A maioria deles fica na zona oeste da cidade.
Os dados são do primeiro levantamento de 2024 realizado pelo Centro de Controle de Endemias (CCE) da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). O órgão apontou os índices a partir de informações coletadas no período de 19 a 26 de fevereiro, por meio do Levantamento do Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa).
O LIRAa é um método que permite a identificação da quantidade de imóveis com a presença de recipientes com larvas do mosquito transmissor da dengue. O índice satisfatório deve ser abaixo de 1,0%, o de média infestação fica entre 1,0 a 3,9%, e o de alto risco acima de 4,0%. Na capital do sudoeste baiano, 45 entre os 78 bairros considerados para o levantamento têm índice maior que 4,0%, apresentando porcentagem de alto risco.
Segundo a SMS, para realizar o estudo, os agentes de endemias coletaram amostras de 6.757 imóveis nos 78 bairros e loteamentos do município. O índice geral de infestação do mosquito nas propriedades de Vitória da Conquista, que leva em conta as amostras de todos as localidades participantes da pesquisa, é de 5,6%. Os dados estão disponíveis numa tabela feita pelo Centro de Controle de Endemias (CCE).
No último LIRAa de 2023, o índice geral do município era 1,1%, valor próximo da porcentagem considerada de média infestação pelo Ministério da Saúde. Naquele ano, os dados tinham sido coletados entre 25 de setembro e 5 de outubro. Recanto das Águas (7,5%) e Alegria (4,2%) eram os únicos bairros com índice acima de 4,0% (alto risco) na época.
De acordo com Fabrício Freire, pesquisador e professor no Instituto Multidisciplinar em Saúde da UFBA (Universidade Federal da Bahia), campus de Vitória da Conquista, os dados mostram um aumento muito significativo do índice de infestação por Aedes Aegypti, o que se reflete na elevação do número de casos das arboviroses no município. O boletim da 11ª semana epidemiológica (de 1º de janeiro a 18 de março), divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), informa 9.760 notificações suspeitas de dengue. Em relação à última semana, foram 973 novos casos confirmados.
O pesquisador aponta que, ao analisar o LIRAa, é possível notar que os principais reservatórios para as larvas do mosquito da dengue são os recipientes para armazenamento de água para consumo humano (cisternas, caixas d’água, etc). No levantamento, esses itens são identificados com as siglas A1 e A2. Além disso, vasos, pratos, bebedouros e outros tipos de depósito aparecem como focos do Aedes Aegypti, sendo identificados no LIRAa pela sigla B.
Para controlar a infestação da dengue, segundo Fabrício Freire, além das ações de combate realizadas pelas gestões municipal e estadual, é preciso que a população evite os reservatórios que permitem a proliferação dos vetores. “Temos as condições climáticas ideais, a oscilação entre dias ensolarados e chuvosos, ou seja, estamos fornecendo tudo o que o mosquito precisa. Então não podemos ter água parada em qualquer situação”, explica o professor.
Ações de combate
No último sábado, 16, a Prefeitura de Vitória da Conquista realizou um mutirão de combate à dengue no bairro Ipanema, que apresenta a taxa mais alta de infestação por Aedes Aegypti, segundo o primeiro LIRAa de 2024. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) enviou 26 servidores para a localidade com o objetivo de identificar a existência de potenciais focos de proliferação do mosquito responsável por transmitir doenças como dengue, zika e chikungunya.
Durante o mês de março, mutirões foram realizados em outros bairros e povoados do município, como Patagônia e Lagoa de José Luís. Além disso, a gestão municipal implementou unidades de saúde sentinela para atender prioritariamente pessoas com sintomas da dengue. Em fevereiro, o Conselho Municipal de Saúde já havia recomendado, em caráter de urgência, ações complementares para controlar a transmissão das arboviroses.
Nesta quinta-feira, 21, a Prefeitura anunciou a presença de uma equipe do Ministério da Saúde (MS) no município para avaliar o cenário epidemiológico da dengue. Segundo o comunicado, os profissionais vão apoiar as ações de enfrentamento às arboviroses. A gestão municipal afirmou ainda que todas as unidades de saúde de Conquista vão priorizar o atendimento aos pacientes com suspeita de dengue no turno da tarde a partir da segunda, 25. Já nesta sexta, 22, será realizada uma reunião para que o grupo do MS faça a apresentação de um relatório técnico da visita e proponha estratégias de trabalho conjunto.
Matéria atualizada às 20h18 desta sexta-feira, 22.
Foto de capa: Secom/PMVC.
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