Artigo | Os desafios do enfrentamento à epidemia da dengue em Vitória da Conquista

Por - 2 de maio de 2024

É fundamental que o poder público municipal coloque de lado os extremismos bolsonaristas e construa parcerias efetivas com o estado e o governo federal. O cenário atual coloca em risco não apenas a saúde pública, mas também o desenvolvimento socioeconômico da cidade.

O município de Vitória da Conquista, localizado no sudoeste da Bahia, enfrenta atualmente uma grave epidemia de dengue, que tem colocado em evidência as fragilidades do sistema de saúde local e a necessidade de ações integradas e eficazes para o controle dessa doença. Com um número alarmante de casos confirmados e óbitos, a cidade lidera o ranking de registros da arbovirose no estado, evidenciando a urgência de respostas assertivas por parte das autoridades responsáveis.

Um dos principais problemas no enfrentamento à epidemia diz respeito à insuficiência de Agentes de Combate às Endemias (ACE) atuando no município. Segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (SESAB), apenas 60 profissionais encontram-se em campo, quando deveriam desempenhar um papel crucial no controle do Aedes aegypti, por meio de visitas domiciliares e tratamento de criadouros.

Além disso, a SESAB tem reforçado repetidamente a urgência da intensificação de ações de combate ao mosquito transmissor da dengue no município, sugerindo que as medidas adotadas até o momento não têm sido suficientes para conter a propagação da doença. Outra crítica à gestão municipal da saúde diz respeito à necessidade de ampliação do horário de funcionamento dos postos de saúde, inclusive aos finais de semana e feriados, para atender adequadamente a demanda da população.

Nesse sentido, além de determinar que todas as unidades de saúde passassem a atender exclusivamente casos suspeitos da dengue no período da tarde, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) deveria ter articulado, junto aos governos estadual e federal, a viabilidade de um hospital de campanha. Essa seria uma das mais importantes medidas emergenciais, considerando a gravidade da situação. Até 13 de abril de 2024, Vitória da Conquista registrava mais de 20 mil casos prováveis da dengue, mais que o dobro de casos de Salvador e quatro vezes superior ao número de Feira de Santana.

Parceria efetiva entre os poderes

O enfrentamento à epidemia da dengue em Vitória da Conquista requer ações integradas e abrangentes por parte das autoridades sanitárias e governamentais. É fundamental que o poder público municipal coloque de lado os extremismos bolsonaristas e construa parcerias efetivas com o estado e o governo federal, intensificando os esforços no controle do vetor Aedes aegypti, por meio do fortalecimento das equipes de ACE e da implementação de medidas efetivas de vigilância e tratamento de criadouros.

Quem perde com a falta de ações efetivas é a população. O cenário atual coloca em risco não apenas a saúde pública, mas também o desenvolvimento socioeconômico da cidade. O que observamos é o impacto devastador da epidemia, os números alarmantes da doença e vidas ceifadas.

Portanto, é indispensável a ampliação do acesso aos serviços de saúde, principalmente por meio da contratação de profissionais em número suficiente para atender à demanda. Somente com essa abordagem abrangente, envolvendo tanto as ações de prevenção quanto de assistência, será possível reduzir o impacto da epidemia e garantir a proteção da população local.

*Herberson Sonkha é um militante comunista negro que atua em movimentos sociais. Integra a Unidade Popular (UP) e o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). É editor do Blog do Sonkha e, atualmente, também é colunista do jornal Conquista Repórter.

Foto de capa: Secom/PMVC.

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