Editorial | Com indicação de arquivamento de PAD, UESB confirma sua leniência com a prática de assédio
Por Da Redação - 13 de maio de 2024
Em março de 2023, o Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba) denunciou assédio moral na universidade. Mais de um ano após a situação ter se tornado pública, a Comissão de Processo Administrativo Disciplinar instaurada para investigar o caso decidiu arquivá-lo.

No dia 1º de março de 2023, o Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba) denunciou a prática de assédio moral no Sistema de Rádio e Televisão Educativas (SURTE) e na Assessoria de Comunicação da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Após ouvir depoimentos de jornalistas dos dois setores, a entidade sindical pediu que a reitoria da instituição investigasse os casos relatados. Uma carta foi endereçada ao reitor Luiz Otávio de Magalhães, mas esse foi apenas o começo de um longo processo.
Mais de um ano após a situação ter se tornado pública, o Sinjorba revelou, em matéria publicada no dia 6 de maio de 2024, que a Comissão de Processo Administrativo Disciplinar (PAD) instaurada para investigar o caso decidiu arquivá-lo. Em palavras miúdas, isso significa que não haverá punição para o acusado de assédio moral, o docente Rubens Sampaio, à época diretor do SURTE.
O resultado não é uma surpresa, mas não deixa de ser decepcionante e revoltante. Os relatos de assédio partiram não de uma pessoa, mas de quatro jornalistas. Além disso, as denúncias foram corroboradas por outros profissionais que fizeram parte da Comissão de Sindicância, responsável por averiguar os fatos antes da abertura do PAD.
A Sindicância concluiu que houve sim prática de assédio moral nos setores da UESB e indicou a abertura do PAD contra o gestor e três de seus subordinados diretos. O grupo de trabalho ouviu mais de 20 pessoas, entre denunciantes, testemunhas e acusados. Mas, infelizmente, nada disso foi suficiente para que as pessoas que causaram sofrimento a trabalhadores fossem devidamente responsabilizadas.
As palavras do Sinjorba resumem muito bem a forma como essa instituição lida (ou melhor, não lida) com esse tipo de violência. “Quando a pauta é assédio moral e sexual, a UESB mantém um ambiente onde as denúncias não prosperam. A instituição não investiga corretamente os casos, não pune devidamente os autores e não acolhe humanamente as vítimas”.
É inegável que se não fosse pela coragem dos denunciantes, a competência do Sinjorba e a pressão através da exposição na mídia, nem mesmo o PAD teria sido aberto. Há anos a comunidade cobra que seja implementado na UESB um protocolo de combate ao assédio. Mas isso não será possível enquanto aqueles que comandam a universidade sejam reprodutores das práticas machistas e violentas enraizadas em nossa sociedade.
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Foto de capa: Ascom/UESB.
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