Conquistenses relatam falta de senhas e de clareza nas informações sobre o atendimento a casos de dengue

Por - 27 de março de 2024

O Conquista Repórter visitou alguns postos municipais de saúde no primeiro dia em que todas as unidades passaram a atender exclusivamente pacientes com suspeita da dengue no turno da tarde.

Era cerca de 16h da última segunda-feira, 25, quando entramos na sala de espera da Unidade Básica de Saúde Régis Pacheco, situada no Centro de Vitória da Conquista. Quase todas as cadeiras da sala localizada em frente ao balcão de recepção estavam ocupadas. Aquele seria o primeiro dia em que o atendimento aos usuários dos postos municipais de saúde passaria a ser exclusivo para pacientes com suspeita de dengue no turno da tarde.

À noite, o Conquista Repórter visitou ainda outras duas unidades para observar o funcionamento nos horários especiais estabelecidos pela Prefeitura diante da epidemia de dengue no município. De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), mais de 12 mil pessoas já foram notificadas com suspeita da doença. Além disso, a cidade registra cerca de 4 mil casos confirmados, 4 óbitos e 11 em investigação.

Nos canais oficiais da gestão municipal, foi divulgado que todas as unidades de saúde atenderiam exclusivamente os casos suspeitos da dengue, das 14h às 17h. Mas não foi exatamente esse o cenário que alguns moradores encontraram ao buscar assistência médica. Maria Vitória Santos visitou três postos na mesma tarde, localizados em diferentes bairros da cidade.

Às 14h20, ela buscou a unidade do Ibirapuera (USF João Melo Filho). Chegando lá, foi informada que só poderia ser atendida no posto situado no bairro onde mora. Então, por volta das 15h, chegou na UBS do Guarani, onde recebeu a informação de que ali também não conseguiria atendimento. Dessa vez, o motivo foi a superlotação do espaço. Por fim, ela se deslocou até a UBS Régis Pacheco, no Centro.

“Finalmente estou aqui no Régis Pacheco, porém a desordem é porque não distribuem senhas. A gente não sabe quem é primeiro, segundo, terceiro ou quem é acompanhante. Tá um caos”, disse a moradora do bairro Guarani. Ela acompanhava a sobrinha que apresentava sintomas da dengue.

Marco Antônio, que também aguardava atendimento para um familiar na tarde da segunda, 25, concorda que a desorganização atrapalha os pacientes. “Quando chega a hora de fazer a ficha, tumultua todo mundo na janela [recepção]. Aí os mais idosos e os que têm dificuldade de mobilidade não conseguem acompanhar os mais novos. Poderia ter uma senha para não fugir do controle”, ressaltou.

A informação oficial que recebemos na recepção da Unidade Régis Pacheco foi que o atendimento seria realizado a partir das 17h. Mas o médico só começou a receber os pacientes, efetivamente, cerca de 1h depois, às 18h.

Falta de clareza sobre os horários

Na mesma segunda, 25, o Conquista Repórter visitou a Unidade Básica de Saúde do Panorama. Por volta das 18h40, chegamos ao posto, onde o movimento de pessoas era fraco. Alguns munícipes aguardavam serem chamados para o atendimento com o médico, inclusive Gilmara Santos, que acompanhava seu marido naquela noite.

“Vim de manhã e não consegui ser atendida. Não me passaram a informação de que 14h já estariam distribuindo senhas, aí só voltei 17h e tô aqui até agora, quase 19h”, relatou a moradora. Gilmara nos contou ainda que só foram distribuídas 20 senhas, o que ela considera muito pouco para atender a demanda da unidade.

Na unidade do Panorama, as senhas começam a ser distribuídas a partir das 14h e os atendimentos são realizados das 17h em diante. O esquema de distribuição de senhas foi sugerido pela equipe do posto para organizar o serviço. Mas para Gilmara, o que falta é que a comunicação sobre os horários seja mais clara para a população. “Muita gente veio e foi embora porque não tinha senha, ninguém sabia que só começava a atender 17h”, disse.

O funcionamento das unidades de saúde em horários estendidos e com atendimento exclusivo para pacientes com suspeita da dengue são algumas das ações da Prefeitura para o enfrentamento à doença no município. Além disso, a Coordenação de Endemias tem realizado mutirões de limpeza e conscientização nos bairros da cidade. Nesse cenário, governos municipal e estadual trocam “farpas” para responsabilizar um ou outro sobre o aumento de casos da arbovirose na capital do sudoeste baiano.

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