Andreson Ribeiro: o principal nome do PCdoB na bancada de oposição ao governo na Câmara Municipal

Por - 8 de dezembro de 2021

Descendente de uma família de São Miguel das Matas (BA), o advogado está em seu segundo mandato no Legislativo conquistense, e tem ganhado destaque na mídia local perante assuntos polêmicos, como a “taxa do lixo”

Eleito para o seu segundo mandato como vereador de Vitória da Conquista nas eleições municipais de 2020, o advogado Andreson Ribeiro (PCdoB), 42 anos, se autodeclara um “defensor de um mundo mais justo”. É isso o que está escrito em sua biografia no Instagram, onde também faz questão de destacar que é separado e pai de duas filhas: Ana Laura e Malu. 

Nascido em 5 de junho de 1979, ele é conquistense nato, mas descende de uma família “de miguelenses”, que residia, portanto, em São Miguel das Matas, município baiano com cerca de 11,7 mil habitantes localizado no Vale do Jiquiriçá. Seus avós maternos, Dona Augusta e Seu Ernesto, se mudaram para Conquista há cerca de quatro décadas, juntamente com os 11 filhos, entre eles a mãe de Andreson, Dona Áurea.

Na terceira maior cidade da Bahia, a família criou raízes e fez do comércio sua principal fonte de sustento e desenvolvimento econômico, o que possibilitou a Andreson e seus dois irmãos avançarem nos estudos e concluírem o ensino superior. O então vereador se formou em Direito pela Uesb (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia). Sua irmã, Aline, se graduou na mesma área e, atualmente, mora em Portugal. Já seu outro irmão, André, é historiador.

Apesar de se considerar “filho de Vitória da Conquista”, Andreson viveu em outras cidades durante a infância e adolescência, principalmente em Guanambi, para onde seus pais se mudaram quando ele tinha três anos para trabalhar com a produção de algodão e exercer outras atividades comerciais. 

Posteriormente, se mudou para Montes Claros (MG), onde cursou todo o ensino médio, e então foi para Belo Horizonte. Na capital mineira, fez um ano de cursinho pré-vestibular até ser aprovado no vestibular da Uesb e, assim, retornar a Conquista, em 1999.

Ele se formou em 2004 e, já com a carteira da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em mãos, começou a prestar assessoria jurídica a sindicatos, como a Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado da Bahia (FETAG-BA), e a prefeituras de outros municípios. É nesse ínterim que consolidou sua atuação como militante político. 

Segundo Andreson, ao exercer a advocacia, ele também “coroou” seu amor pelo Direito. Hoje, o vereador defende causas não só na área trabalhista, mas também na área criminal. E mesmo como parlamentar, conta que nunca parou de advogar. Afinal, a prática jurídica foi, inclusive, um dos meios pelos quais projetou seu nome na política local.  

Há cerca de 15 anos, Andreson presta assessoria jurídica gratuita a pessoas de baixa renda, tendo beneficiado, segundo consta na sua página no Sistema de Apoio ao Processo Legislativo da Câmara Municipal de Vitória da Conquista, mais de 10 mil cidadãos. 

Do ingresso na política partidária ao primeiro mandato no Legislativo

Mesmo sendo considerado um dos principais nomes do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) em Vitória da Conquista, essa não foi a primeira sigla a qual Andreson se filiou. Seu ingresso na política partidária se deu no Partido dos Trabalhadores (PT), quando ainda estudava Direito na Uesb. 

Migrou para o PCdoB já depois de se formar, em 2007. Na legenda, construiu a maior parte da sua carreira política, chegando até mesmo a presidi-la a nível municipal, entre 2013 e 2016, durante duas gestões. Hoje em dia, é tido como o braço direito do principal líder do partido na região Sudoeste, o deputado estadual Fabrício Falcão, a quem chama de “camarada, amigo e irmão”.

O deputado estadual Fabrício Falcão e o vereador Andreson Ribeiro. Foto: Reprodução/Instagram.

A grande proximidade com Falcão foi o principal motivo pelo qual Andreson foi cotado para ser candidato a vice-prefeito de Vitória da Conquista, em 2020, ao lado do deputado estadual, José Raimundo Fontes (PT), que era candidato a prefeito na última eleição municipal. No final das contas, a aliança feita entre PT e PCdoB naquela disputa eleitoral resultou na candidatura da jornalista Luciana Oliveira (PCdoB) como vice da chapa encabeçada pelo petista. 

Mas, nos bastidores da política local, dizia-se que a preferência de Fabrício pelo advogado era evidente. Além disso, o próprio Andreson se colocou à disposição para concorrer ao cargo no Executivo municipal, caso viesse a ser escolhido. Como isso não aconteceu, ele decidiu disputar uma cadeira no Legislativo e, com o apoio de Fabrício Falcão, conseguiu se eleger para o seu segundo mandato. 

Ele acredita que agora possui mais maturidade para atuar no Legislativo. Entretanto, por causa da pandemia da covid-19 e da atual conjuntura política, Andreson considera esse um momento muito mais difícil do que o período em que exerceu o cargo de vereador pela primeira vez, entre 2013 e 2016, logo após fazer sua estreia numa disputa eleitoral, em 2012.

Naquele ano, sua candidatura foi lançada numa noite de sexta-feira, no Colégio Diocesano, em uma cerimônia que contou não só com a presença de Fabrício Falcão, mas de outros nomes proeminentes da política conquistense, como o então prefeito Guilherme Menezes (PT) e o seu vice, Joás Meira (PSB), além de secretários municipais e outros políticos.

Durante o primeiro mandato, foi considerado “Vereador Revelação” pela imprensa de Vitória da Conquista. Dentre os projetos que propôs nesse período e que se tornaram leis, ele costuma destacar “o que autoriza o pagamento de meia-entrada para pais e acompanhantes de crianças em cinemas e espetáculos infantis e o que obriga bancos a instalar biombos nos guichês”. 

Contudo, isso não foi o suficiente para ele se reeleger, nas eleições municipais de 2016, quando ficou como suplente. De volta à Casa do Povo desde janeiro de 2021 para mais quatro anos de mandato, Andreson tem explorado agora algo que parecia dar pouca atenção durante sua primeira experiência como vereador: a visibilidade midiática. 

Durante o seu primeiro mandato, Andreson foi eleito “Vereador-Revelação” pela imprensa de Vitória da Conquista. Foto: Ascom/CMVC.

Um opositor do governo municipal isolado em seu próprio partido

Desde que assumiu o cargo de vereador pela segunda vez, no início deste ano, Andreson tem ganhado destaque na mídia local perante assuntos importantes e polêmicos em Vitória da Conquista, como o Projeto de Lei nº 11/2021, que busca instituir a chamada “taxa do lixo” na cidade. 

Além de ser um dos poucos parlamentares contrários ao PL, que é impopular, o advogado foi o responsável pelo mandado de segurança que resultou na suspensão da tramitação do projeto no Legislativo municipal. Esse fato, anunciado pelo próprio Andreson em sessão ordinária da Câmara no dia 17 de novembro, repercutiu em toda a imprensa local.

“O momento é inoportuno para se instituir mais um tributo”, avalia. “É bem verdade que há uma Lei Federal que exige dos gestores municipais que encaminhem esse projeto para suas respectivas câmaras municipais. Mas compreendemos que a Prefeitura não tinha porque fazer tanta pressão para aprovar esse projeto neste período que é extremamente ruim em termos econômicos e sociais”. 

Segundo Andreson, o município de Vitória da Conquista reúne as condições necessárias para custear o serviço de coleta e tratamento do lixo a partir de outros tributos, como o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano).

Outro projeto ao qual o vereador é bastante crítico é o PL que cria mais de 40 novos cargos comissionados na estrutura administrativa da Prefeitura Municipal. Ele foi aprovado no último dia 2. Andreson foi o único dos três representantes do seu partido na Câmara que votou contra a medida, juntamente com os vereadores do PT. 

Seus colegas do PCdoB, Luciano Gomes e Ricardo Babão, foram favoráveis ao projeto e votaram junto com todos os edis da base governista da prefeita Sheila Lemos. Dessa forma, Andreson tem sido visto, principalmente por militantes da esquerda da cidade, como único parlamentar do Partido Comunista do Brasil que tem feito efetiva oposição à atual gestão.

“A gente vem sustentando uma pauta no sentido de fazer uma maior fiscalização do Poder Executivo. Costumo dizer que não somos oposição à prefeita Sheila Lemos, mas sim ao governo municipal. Do ponto de vista pessoal, mantemos uma relação de respeito com ela”, afirma.

Ainda de acordo com o advogado, este é um momento em que “a gente tem que ter coerência do lado onde a gente está”. “Independentemente de partido, estamos do lado do trabalhador e da trabalhadora, bem como das políticas públicas que são tão importantes para o nosso povo”, finaliza.

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*Foto de capa: Ascom/CMVC.

*’Os eleitos’ é uma série especial do Conquista Repórter que tem como objetivo traçar o perfil dos candidatos escolhidos pelos conquistenses nas eleições municipais de 2020 para os Poderes Legislativo e Executivo.

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