Vídeo | Liderança Mongoyó consegue incluir etnia no registro de nascimento da filha

Por - 27 de agosto de 2024

Advogada que auxiliou os pais de Keren Happuch Kamakan Mongoyó durante o processo conheceu o casal por meio de reportagem do Conquista Repórter. Na certidão, constam a etnia e a comunidade indígena a qual pertence a família.

Victória Lôbo

“O lugar do indígena é onde ele quiser”, enfatiza a cacique Kenahe Mongoyó. Sua voz fica embargada ao fazer essa afirmação, mas a emoção que sente não é tristeza. O sentimento que toma conta é a certeza de que sua filha, a pequena Keren, crescerá conectada com a sua ancestralidade. No dia 28 de março de 2024, a menina foi registrada no 1º Cartório de Registro Civil de Vitória da Conquista e, na certidão de nascimento, constam informações importantes: sua etnia e a comunidade indígena de onde vem sua família.

Keren Happuch Kamakan Mongoyó de Jesus Teixeira Moreira, natural da Comunidade de Remanescentes Mongoyós. Os nomes registrados no papel são um símbolo de resistência. Em uma cidade que se orgulha do título de “Suíça Baiana”, o registro oficial de uma criança indígena representa a resiliência dos povos originários, apesar das inúmeras tentativas de silenciamento e apagamento de sua memória e existência. “Quero que ela cresça entendendo que seu povo é forte”, afirma Kenahe. 

Assim como mãe e filha, existem outras pessoas no município reconhecidas pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) como Mongoyós, uma das três etnias dos povos originários do chamado Sertão da Ressaca, nome atribuído à região onde está localizada Vitória da Conquista. Mas no caso de Kenahe, sua autodeclaração veio na vida adulta, no momento em que buscava meios de ingressar numa universidade pública. 

O reconhecimento da sua identidade étnica possibilitou à cacique a chance de conhecer e compreender melhor as suas origens. Sua existência enquanto indígena Mongoyó também desconstrói o mito difundido na história local de que os povos originários foram todos exterminados na capital do Sudoeste baiano. E seu legado seguirá vivo através de Keren que, com meses de vida, já carrega no nome a sua ancestralidade.

Confira abaixo mais detalhes dessa história na videorreportagem da série Histórias à Margem.

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Direção e roteiro: Victória Lôbo

Produção executiva e pesquisa: Karina Costa

Assistência de produção/Assistência de edição: Afonso Ribas

Cinegrafista e edição: Anderson Rosa

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