ONG usa inteligência artificial para atender demandas da causa animal em Conquista

Por - 27 de julho de 2023

Lançada em julho, a MIA foi desenvolvida por uma das cofundadoras da organização Salve Um Gatinho. O robô surgiu para otimizar atendimentos via WhatsApp e ajudar na coleta de dados sobre a proteção dos animais na cidade.

Uma assistente virtual criada para automatizar atendimentos via WhatsApp e coletar dados que podem contribuir para a criação de políticas públicas voltadas para a causa animal. Essa foi a tecnologia desenvolvida por Carol Pessoa, advogada e cofundadora da ONG Salve um Gatinho, atuante em Vitória da Conquista desde 2015. A ferramenta, intitulada MIA, foi lançada em julho deste ano, após a realização de mais de 300 testes.

A inteligência artificial surgiu a partir da necessidade de otimizar o recebimento dos pedidos de ajuda que chegam até as voluntárias da ONG, seja para divulgar animais em adoção, buscar informações sobre castração ou até mesmo denunciar maus tratos. Foram cerca de 20 dias para criar a MIA, em um processo que envolveu 10 pessoas para testar o robô e uma para alimentar e configurar o sistema. 

Para falar com a atendente virtual, o(a) usuário(a) deve enviar uma mensagem para o número (77) 98127-1519, via WhatsApp. Durante a conversa, o primeiro passo é identificar o nome da pessoa que busca a ajuda da ONG. Na sequência, a MIA apresenta um número de protocolo e um menu com seis opções.

As alternativas disponibilizadas pela MIA incluem os motivos pelos quais as pessoas mais procuram a ONG: oferecer ajuda para a organização; receber orientação para auxiliar um animal; e adotar um gato ou cachorro. Além disso, outras três opções foram adicionadas ao menu principal: comprar produtos da loja Salve Um Gatinho; notificar uma zoonose (doença infecciosa transmitida entre animais e pessoas); e participar do censo voluntário.

A depender da necessidade do(a) usuário(a), a inteligência artificial o(a) encaminha para outros menus secundários. Caso alguém queira fazer uma denúncia de maus tratos, por exemplo, a MIA poderá fornecer informações sobre quais tipos de condutas se encaixam nesse crime e orientar a respeito das maneiras de formalizar a queixa. 

Para cumprir essa função social, o robô é integrado a órgãos da segurança pública, como a Polícia Civil e a Guarda Municipal. Existe ainda a pretensão de incluir nessa rede o Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar e o CASA (Centro de Apoio à Saúde Animal). Além disso, clínicas parceiras da ONG também são integradas à MIA. “Nós percebemos a necessidade de registrar todos os processos e informações em uma base de dados confiável para que possamos usar isso como fundamento para exigir políticas públicas”, explica Carol Pessoa. 

Primeiros resultados

Em menos de uma semana após o seu lançamento oficial, a MIA realizou 66 atendimentos, segundo relatório divulgado pela ONG no dia 8 de julho. Durante esse período, a organização recebeu quatro novas voluntárias, 42 pedidos de ajuda e 20 potenciais adotantes. Para Carol, esses números demonstram o quanto as pessoas necessitam de suporte para lidar com assuntos que envolvem o cuidado com os animais.

Entre as 42 solicitações identificadas, 17 eram para a divulgação de gatos ou cachorros disponíveis para adoção, 4 foram pedidos de orientação a respeito de como proceder com denúncias de maus tratos, 6 tratavam da castração de animais, 6 eram encaminhamentos para tratamento veterinário e 9 foram pedidos de resgate.

https://www.instagram.com/p/CudKiGyszim/?igshid=MzRlODBiNWFlZA==

As quatro denúncias de maus tratos identificadas foram devidamente encaminhadas aos órgãos de segurança pública integrados à MIA, bem como à Comissão de Defesa e Proteção Animal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil – Subseção de Vitória da Conquista). Porém, o resgate do animal vítima da violência também depende da disponibilidade de lares temporários, uma vez que, em Vitória da Conquista, não há abrigos municipais.

A falta de políticas locais para a causa animal é algo que a ONG faz questão de destacar. “Mais uma vez, é nosso dever lembrar que o município não possui abrigo. Os animais são resgatados graças à luta de protetores esgotados, endividados e menosprezados por um Poder Público ineficiente”, diz um trecho do 1º relatório da MIA.

Enquanto não há mecanismos efetivos de proteção aos animais criados pela Prefeitura, as voluntárias da ONG Salve Um Gatinho, que atualmente são todas mulheres (25 no total), buscam ajudar utilizando suas próprias habilidades e recursos. Além disso, contam com doações da população, que podem ser realizadas via PIX (chave: financeiro@salveumgatinho.com).

“Apesar de existirem ações notórias em relação à causa animal na nossa cidade, precisamos de dados concretos para solicitar políticas e atitudes, tanto administrativamente quanto judicialmente. E a MIA é de suma importância nesse sentido”, afirma Carol. “O nosso objetivo é fazer relatórios mensais e estar sempre alimentando essa ferramenta de acordo com as necessidades identificadas nas nossas análises”, complementa.

Foto de capa: Reprodução/ONG Salve Um Gatinho.

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