Luciano Gomes: do Povoado de Cabeceira da Jiboia para a Câmara de Vereadores

Luciano Gomes Lisboa, de 48 anos, nasceu na zona rural de Vitória da Conquista, no dia 29 de dezembro de 1975. É no Povoado de Cabeceira da Jiboia, na região da Limeira, que vive até hoje, orgulhando-se de nunca ter esquecido suas raízes. Descendente de trabalhadores do campo, ele sempre teve o desejo de melhorar as condições de vida da família e de sua comunidade, o que busca fazer por meio de sua atuação no legislativo conquistense.

“Minha mãe sempre me contava sobre como era difícil o acesso à água na nossa comunidade, e aí como eu estava envolvido com as pessoas, comecei a me interessar pelo assunto”, conta. Por observar de perto as dificuldades enfrentadas pelo povoado, aos 12 anos, juntou-se ao Padre Vasco, missionário da igreja católica da Paróquia São Miguel do Alto Maron, que realizava peregrinações pelos municípios baianos em busca de melhorias para a população. 

Devido à forte influência do missionário, Luciano envolveu-se ainda mais com as atividades da igreja católica. Começou a coordenar o grupo de jovens da instituição, participando ativamente das viagens e celebrações religiosas. Quatro anos mais tarde, percebeu que deveria fazer mais por sua comunidade. Por isso, pediu emancipação aos pais para tornar-se membro da Associação de Moradores e Pequenos Produtores da Cabeceira da Jiboia.

Ele também conta que, naquela época, concorrer ao cargo de vereador ainda não estava em seus planos, mas o que chama de “dom” para a política já fazia parte dele. “Não era a minha intenção ser político, ser candidato a vereador ou algo do tipo, mas era uma luta em prol da comunidade”, afirma. 

“Eu não sou radical”

A atuação de Luciano na zona rural não passou despercebida por figuras do cenário político conquistense. “Eu não queria entrar nesse meio, mas já estava fazendo política, só não tinha consciência disso”, destaca. Assim, em 1994, foi convidado a apoiar o então presidente da Câmara Municipal e candidato a deputado estadual, Yvonilton Gonçalves (Vonca). No ano 2000, o rapaz da Limeira filiou-se ao Partido Progressista (PP). Em 2004, migrou para o Partido Trabalhista Nacional (PTN), para continuar apoiando Vonca em mais uma candidatura.

Já em 2007, mudou de sigla novamente. Dessa vez, passou a integrar o então Partido Liberal (PL), antes conhecido como Partido da República (PR). No ano seguinte, foi eleito vereador pela primeira vez, com 1.727 votos. Elegeu-se mais duas vezes pelo PL, em 2012, com 2.243 votos, e em 2016, com 2.613 votos. Em 2019, tornou-se o presidente da Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista. 

A troca de filiação partidária não parou por aí. Às vésperas das eleições municipais de 2020, enquanto presidente da Câmara, Luciano Gomes tomou uma decisão que causaria uma reviravolta no cenário político local: deixou o PL para filiar-se ao PCdoB (Partido Comunista do Brasil). 

O parlamentar conta que migrou entre partidos tão opostos no espectro político pensando na maior probabilidade de ser eleito. “Eu precisava montar uma chapa capaz de ter uma quantidade de votos que garantisse a minha eleição”, conta. “O PCdoB abriu as portas naquele momento e eu me filiei, disputando e sendo o mais votado do partido”, complementa.

Luciano diz que não compactua com extremismos nem da esquerda, nem da direita conservadora. “Eu não sou radical, então me denomino de centro. Eu me identifico com o PCdoB por ser um partido que cuida das pessoas, que sente o sofrimento do outro”, ressalta.

A polêmica Taxa do Lixo 

O projeto do executivo conquistense que institui a Taxa de Manuseio de Resíduos Sólidos (TRMS) gerou grande revolta entre parte da população e de parlamentares da oposição em dezembro de 2021. Isso porque a implementação de mais um imposto poderia prejudicar pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica.

Luciano Gomes e Ricardo Babão, ambos do PCdoB, estiveram entre os 16 vereadores que votaram a favor do Projeto de Lei (PL). Na época, os parlamentares foram criticados por seguirem o voto favorável da bancada de situação. 

Segundo o edil, “o único objetivo de votar contra o PL era prejudicar a prefeita”. Isso porque a Lei nº 14.026, que institui a taxa, é de cunho federal e obriga os municípios a cobrarem o imposto. “Eu me senti na obrigação de votar favorável porque não tinha outro caminho”, diz Luciano. 

Um olhar para a zona rural

Durante o período como presidente da Câmara Municipal, Luciano afirma se orgulhar do trabalho que realizou. Ele destaca que conseguiu o reajuste salarial de 15% para os servidores do legislativo. Além disso, faz questão de lembrar a articulação para implementação da Rádio Câmara, que só recebeu autorização para funcionamento em abril de 2022. 

Neste ano, o parlamentar preferiu não concorrer ao cargo da presidência para os biênios 2023-2024. Seu voto foi para Hermínio Oliveira (PODE), atual líder da mesa diretora da Câmara. “Eu acho que dei minha contribuição à Vitória da Conquista e continuo fazendo isso, agora apenas como vereador.”

No atual mandato, Luciano Gomes diz que continua voltando seus esforços em busca de melhorias para as comunidades da zona rural do município. Ele passou a integrar o Comitê de Agricultura, ao lado de Adinilson Pereira (MDB) e Edjaime Rosa (Bibia). 

Em agosto de 2021, o Comitê se reuniu com a prefeita para tratar sobre a falta de água para as lavouras dos produtores rurais e a manutenção das estradas que ligam os distritos. “A gente discute melhorias para a cidade como um todo, mas também temos as nossas pautas, em defesa daqueles que mais precisam, dos mais vulneráveis e da zona rural”, diz. 

Novos rumos na política

Após ter percorrido diversos rumos na política conquistense, Luciano Gomes não descarta a possibilidade de disputar uma vaga na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba). “Há um desejo de poder servir, de ajudar minha cidade em um nível mais alto”, afirma.

Essa vontade se faz presente, principalmente, devido ao apoio que vem recebendo de pessoas que considera fortes no cenário político, como o deputado estadual João Bacelar (PL) e o ex-parlamentar Jurandy Oliveira (PSB), com quem tem uma relação de amizade e considera “um avô”. 

“Se for da vontade de Deus a gente ganhar a eleição, nós vamos contribuir muito mais para o desenvolvimento de Vitória da Conquista”, finaliza. 

Foto de capa: Ascom/CMVC.