Filme conquistense “Alice dos Anjos” estreia em dezembro no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro

Por - 22 de novembro de 2021

Dirigido pelo cineasta Daniel Leite, o longa-metragem faz uma releitura do clássico literário de Lewis Carrol no contexto nordestino, e irá abrir o evento, que é o mais antigo festival de cinema do Brasil

Inspirado no clássico literário de Lewis Carrol, “Alice no país das maravilhas”, e na obra “Pedagogia do Oprimido”, de Paulo Freire, o filme conquistense “Alice dos Anjos” fará sua estreia no circuito cinematográfico nacional, nos dias 7 e 8 de dezembro. Ele foi selecionado para a Mostra Competitiva do 54º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (FBCB) e irá abrir o evento, que é um dos mais antigos e importantes festivais do setor no país.

Gravado em 2019, na zona rural de Vitória da Conquista e Anagé, e dirigido pelo cineasta Daniel Leite, o longa-metragem é um musical infanto-juvenil que tem como principal personagem uma menina negra e nordestina. Em sua jornada de autoconhecimento, ela é transportada para um lugar mágico no qual se depara com figuras do imaginário do agreste para discutir temas como a luta contra a opressão, a preservação de comunidades tradicionais e do meio ambiente e, ainda, sobre educação emancipatória.

No dia 7 de dezembro, o filme será exibido às 23h30, no Canal Brasil. Já no dia 8, ele ficará disponível, das 01h30 às 23h30, de forma online e gratuita, na plataforma da InnSaei tv, por onde também ocorrerá a votação do júri popular para eleger a produção vencedora da Mostra Competitiva do FBCB. 

“Alice dos Anjos” é o primeiro longa-metragem dirigido por Daniel Leite e produzido pela Ato3 Produções, produtora independente de Vitória da Conquista, fundada em abril de 2015. Leite é natural de Goiás e se formou em Cinema e Audiovisual pela Uesb (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia). Segundo ele, ver o seu filme estrear no Festival de Brasília lhe causa um “misto de sensações” diante da relevância e magnitude do evento para o cinema nacional.

“Eu fico pensando o quão simbólico é o fato de eu ser goiano e mostrar o meu primeiro longa em um festival que ocorre no centro-oeste [do país]. Isso pra mim é muito bonito, assim como o fato de o filme falar sobre brasilidade, sobre a importância de uma identidade coletiva no Brasil de hoje. Ele traz questões políticas e vai falar sobre elas no seio de Brasília, no lugar onde estão os nossos ‘engravatados’. E a gente faz crítica a esse exercício do poder”, comenta.

A atriz, professora e produtora cultural Dayse Maria, que interpretou a personagem Cecília, mãe de Alice, diz que se encantou com a mensagem contida no roteiro do longa assim que conheceu o projeto. “Foi um presente para mim. Alice dos Anjos é uma criança catingueira e nordestina, o seu mundo mágico é inserido na realidade. Então, vejo a mensagem do filme como uma grande aula. Me senti muito à vontade em compor a minha personagem, porque essa realidade também é minha”, conta. 

Segundo Dayse, a produção traz ainda uma grande contribuição para Conquista ao demonstrar que existem coletivos organizados e competentes que compõem a história do cinema local. “É um momento da gente se ver na tela, de ocupar um espaço com uma linguagem necessária para representar os nordestinos, baianos e conquistenses; de dizer que temos atores, diretores, músicos, escritores, produtores, que necessitam de mais apoio e políticas de fomento à cultura”, acrescenta.

Confira abaixo o trailer de “Alice dos Anjos”:

Além das fronteiras nacionais

Outros filmes produzidos pela Ato3 têm sido selecionados não apenas para o circuito nacional de cinema, mas também para o internacional. Recentemente, por exemplo, os curtas realizados no projeto “Rec Conquista”, promovido em agosto deste ano com recursos da Lei Aldir Blanc, foram escolhidos para integrar a programação do 75° Festival de Cinema de Salerno, que acontece entre esta quarta-feira, 22, e sábado, 27, na Itália.

As produções selecionadas foram “O sonho de Zezinho”, de Edmundo Lacerda; “Veneno”, de Kauan Oliveira; “O ovo”, de Rayane Teles; “Território das cercas”, de Ricardo Fraga; “Entre o ninho e as Andorinhas”, de Daniel Leite Almeida; “Central de Memórias”, de Rayssa Coelho e Filipe Gama; e “Bicho”, de Shirley Ferreira.

Ilustração de capa: Divulgação.

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