Edjaime Bibia: o líder da bancada de situação na Câmara Municipal de Vereadores

Assim como vários outros vereadores de Vitória da Conquista, Edjaime Rosa de Carvalho, popularmente conhecido como Bibia, começou a construir sua trajetória política através do que se acostumou a chamar de “trabalho social”. Desde jovem, quando ainda morava no povoado Lagoa da Boa Vista, onde nasceu e viveu durante toda a sua infância e adolescência, ele “ajudava as pessoas mais necessitadas, principalmente aquelas que tinham problemas de saúde”, diz.

“Quase ninguém tinha carro naquela época e eu consegui comprar um [veículo], por isso, ajudava as pessoas fazendo o deslocamento delas para a cidade”, lembra. Neto de fazendeiros, se casou cedo com Marlene de Jesus, sua prima carnal, com quem hoje tem três filhos e seis netos. Moravam muito próximos um do outro, o que facilitou o romance.

Já estavam juntos há quatro anos quando se mudaram da zona rural para a cidade, pois Bibia precisava cuidar da saúde do seu pai, que estava doente. “Meu pai tinha um problema na perna, aí o médico falou que ele tinha que ir pra cidade. A gente lutou, eu e meus irmãos, e conseguimos comprar uma casinha pra ele, que morou no [bairro] Guarani por uns 25 anos e depois veio a óbito”, conta.

Logo que vieram para a zona urbana de Conquista, Edjaime e sua esposa moravam de favor. Só depois de dois anos conseguiram comprar um terreno no bairro Nossa Senhora Aparecida, zona oeste da cidade, onde construíram a casa em que residem há cerca de 42 anos. “E não pretendo sair daqui”, ressalta.

Dos seus 17 irmãos, 13 também moram na localidade. Os demais vivem em São Paulo ou em Poções. De acordo com Bibia, já que a família é muito grande e diversa, sempre foi difícil para as pessoas reconhecer cada irmão pelo nome de registro. Por isso, apelidos eram comuns.

A história por trás do apelido “Bibia”, sem dúvidas, é uma das mais inusitadas da família. “Eu bebia muita cachaça e tal… Eu era forte e não chumbava, né. Só que aí eu deixei de beber. E quando eu parei de beber cachaça – isso eu já era de maior, porque eu comecei a beber na infância -, o povo cismou e aí me botou o apelido de Bibia”, relata o vereador.

Até hoje, o consumo de álcool não faz parte da sua vida. “Eu parei de beber porque a família foi crescendo. Meu pai bebia muito também e eu não me sentia bem quando eu via ele bêbado, em roda de jogo e tal. Aí quando eu passei a ser de maior, eu comecei a pensar que a bebida não era um futuro para o cidadão, para o ser humano. Nem vinho eu tomo mais”, acrescenta.

O caminho até o primeiro mandato

Segundo Bibia, desde que se mudou para a zona urbana de Vitória da Conquista, ele continuou fazendo o chamado “trabalho social” e o vínculo com o campo nunca deixou de existir. “Ajudava pessoas que moravam na zona rural e tinham dificuldades para se aposentar. Também formei uma equipe de trabalho para dar assistência a pessoas carentes na construção de casas e depois eu passei a trabalhar com esportes”, afirma.

Foi entre um campeonato de bairro e outro que seu nome emergiu como liderança comunitária do Nossa Senhora Aparecida. Exerceu o cargo de presidente da associação de moradores da localidade por três mandatos consecutivos. E, ao mesmo tempo, passou a fazer campanha para candidatos a deputado ou mesmo a vereador. 

Desde que ingressou na política partidária, sempre atuou no campo da direita. “Quando eu comecei a entender de política, o governador da Bahia era Antônio Carlos Magalhães. E quando eu via ele se matando para defender a Bahia e o Brasil, eu me apaixonei por ficar na direita e por isso eu estou na direita até hoje”, diz. 

Ao tocar no assunto, o discurso reacionário logo ganha força. “A gente vê que os políticos mais honestos que nós temos no Brasil são todos da direita. Os políticos da esquerda, você sabe como é, né? Começaram a corrupção no país”, afirma, como se não tivesse consciência da inveracidade de sua declaração. 

A primeira vez que concorreu ao cargo de vereador no Legislativo municipal foi em 1996, quando obteve 813 votos, não sendo eleito. Quatro anos depois, em 2000, saiu vitorioso ao se candidatar pela segunda vez, recebendo o apoio de 1192 eleitores. Tentou reeleição nos anos de 2004 e 2008, mas não teve sucesso. 

“Já estava cansado de tentar, mas minha família se reuniu comigo e me falou que eu não poderia deixar de lado o apoio que eu já tinha de meus eleitores. Esperei mais quatro anos fazendo trabalho social, aí voltei a me candidatar. Então, tive uma votação expressiva, sendo um dos vereadores mais votados de 2012, com mais de dois mil votos”, conta.  

Depois do segundo mandato, veio o terceiro, em 2016, e o quarto, em 2020, o qual exerce atualmente pelo MDB (Movimento Democrático Brasileiro). Mas ao longo da sua trajetória na política-partidária, já foi filiado também ao PL (Partido Liberal) e ao PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira). 

Liderança da bancada de situação

Frente ao apoio do MDB à candidatura de Jerônimo Rodrigues (PT) ao governo da Bahia, Bibia pode deixar o partido e se filiar ao União Brasil, se alinhando com a prefeita Sheila Lemos e apoiando, portanto, a candidatura de ACM Neto a governador do estado. 

O vereador já faz parte da base aliada da gestora e, além disso, é líder da bancada de situação na Câmara Municipal. A devoção a Lemos é tão evidente que Bibia usa uma imagem no qual está ao lado da prefeita como foto de perfil do seu WhatsApp. 

Para ele, a bancada de situação “é uma coisa exemplar”. “Foi eleita com 12 vereadores e hoje nós temos 16 que fazem parte do grupo da prefeita. Pegamos três vereadores do grupo da oposição: Luciano Gomes (PCdoB), Chico Estrella (PTC) e Ricardo Babão (PCdoB). Então, nós temos um grupo muito forte, muito preparado. E é uma bancada muito unida”, diz.  

Questionado sobre o fato de Babão e Gomes se apresentarem, publicamente, como vereadores de oposição, Bibia afirma: “Eles realmente são da bancada de oposição, mas votam nos projetos da prefeita, porque eles acham que a prefeita de Vitória da Conquista não merece nem fazer oposição a ela porque tudo que eles pedem é atendido. Então, por eles serem atendidos, eles têm o reconhecimento de não bater na prefeita, de defender a prefeita”. 

Segundo o vereador, tudo o que a bancada de situação faz é fruto de muito diálogo para que não haja divergências entre os edis. “Quando tem algum burburinho, a gente senta, conversa e resolve a situação”. Um conflito recente, por exemplo, ocorreu entre ele e a vereadora Lúcia Rocha (MDB). Durante um de seus pronunciamentos, fez duras críticas à colega de bancada, afirmando que ela vinha fazendo promessas para a zona rural que nunca foram cumpridas. 

Como parlamentar, Bibia acredita que a cidade vem avançando cada vez mais, através do trabalho de muitas mãos. “A tendência daqui pra frente é que ela se torne a segunda capital da Bahia”, opina. 

Entre as suas ações como vereador, o edil destaca um projeto de lei que, segundo ele, permite que todos os comerciantes de feiras livres passem o seu ponto para qualquer outra pessoa quando não mais puderem trabalhar. Em 2021, entretanto, todos os projetos que propôs tinham como objetivo solicitar mudança de nome ou denominação de ruas e avenidas. 

Favorável ao governo do presidente Jair Bolsonaro, ele afirma que não gosta de antecipar voto, “mas como um homem público, que sei dos meus ideais, sei o que o Brasil precisa hoje, dos nomes que estão postos e já foram testados, o nome dele [Bolsonaro] é o meu primeiro lugar para ser candidato à reeleição”, finaliza. 

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*Foto de capa: Ascom CMVC.

*’Os eleitos’ é uma série especial do Conquista Repórter que tem como objetivo traçar o perfil dos candidatos escolhidos pelos conquistenses nas eleições municipais de 2020 para os Poderes Legislativo e Executivo.