Sem transporte gratuito, população pobre e da zona rural terá mais obstáculos para votar em Conquista
Por Da Redação - 26 de outubro de 2022
Decisão da prefeita Sheila Lemos (UB) revela traços da política coronelista que ainda marca a realidade local. Moradores de regiões mais distantes do centro urbano votaram, majoritariamente, em Lula (PT).
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Após determinação do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJ-BA), emitida numa tentativa de pressionar a Prefeitura de Vitória da Conquista a oferecer transporte público gratuito no 2º turno das eleições 2022, o Executivo apresentou recurso para não disponibilizar o serviço. Em nota, a gestão Sheila Lemos (UB) alega não ter orçamento para custear a operação. Ou seja, busca desculpas para deixar a população desamparada, principalmente as parcelas mais pobres e vulneráveis.
O passe livre vem sendo requisitado em todo o Brasil para que cidadãos de todas as classes sociais possam exercer o direito de participar do processo eleitoral no segundo turno.
Na terceira maior cidade da Bahia, a decisão de Lemos, caso mantida, deve dificultar o deslocamento de moradores da periferia e da zona rural do município. São pessoas que tendem a votar para candidatos mais progressistas e escolheram, em sua maioria, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na votação que aconteceu no dia 2 de outubro, conforme levantamento feito pelo Conquista Repórter.
Ao dificultar o acesso às seções eleitorais, facilita-se a compra de votos, o uso de “caronas” em troca de uma escolha que deveria ser democrática e muitas outras intervenções no direito de expressão do outro. E essa, infelizmente, é uma prática comum ainda hoje.
Apesar do voto de cabresto ter sido abolido com a universalização do voto como um direito dos cidadãos, ainda existem resquícios dessa prática em nossa sociedade. E em Vitória da Conquista não é diferente, visto que a política coronelista ainda é uma marca que a cidade carrega, o que fica ainda mais evidente com decisões como a de Lemos.
Violência política também perpassa pela geolocalização, a facilidade – ou dificuldade – de deslocamento, a qualidade dos prédios escolares, a disponibilidade de transporte público e, claro, a possibilidade de acessar os colégios eleitorais num Brasil que habita novamente o mapa da fome.
Foto de capa: Secom / PMVC
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