“É uma luta do povo preto”, diz Contra-Mestre de Capoeira sobre a necessidade de políticas públicas para a arte

Por - 6 de agosto de 2021

Em audiência pública realizada na Câmara Municipal, na quinta-feira, 5, capoeiristas pediram a criação de políticas de incentivo à luta em Conquista; Entre os 21 vereadores eleitos, apenas dois compareceram ao evento

“Há quantos anos estamos buscando nosso espaço com a Praça da Capoeira, com a Casa da Capoeira? Existe recurso, a verba vem, mas a capoeira fica de fora”. Foi com essas palavras que o Contra-Mestre Kekel, da Associação de Capoeira Berimbau Me Chama, localizada no bairro Patagônia, questionou a falta de políticas públicas para os capoeiristas em Vitória da Conquista. Ele e outros representantes da categoria participaram, na quinta-feira, 5, de uma audiência pública na Câmara de Vereadores, realizada em homenagem ao Dia do Capoeirista, celebrado em 3 de agosto. O evento foi proposto pelo vereador Alexandre Xandó (PT).

Somente ele e Fernando Jacaré (PT) estiveram presentes no debate. Nenhum dos outros 19 vereadores compareceram. A realização de concursos públicos para capoeiristas que atuam na rede municipal de ensino, a necessidade do ingresso de mais mulheres e pessoas LGBTQIA+ na capoeira e a criação de seleções e editais com foco nas realidades de vida dos praticantes da luta foram alguns dos temas discutidos na audiência.

A professora doutora Rosângela Costa Araújo, também conhecida como Mestra Janja, participou da audiência de forma remota e destacou os retrocessos políticos que têm ocorrido no país nos últimos anos. “Precisamos virar esse cenário político que se apropriou dos elementos do Brasil, sem respeitar as heranças e tradições da nossa cultura. A pergunta que eu faço é qual é o projeto de sociedade que nós, enquanto capoeiristas, nos filiamos?”, questionou.

Também participaram do evento Mestre Dendê, representante do grupo Ceta (Centro Educacional de Treinamento Arte e Movimento Capoeira Escola), entidade fundada no ano de 1999, em Conquista; Mestre Manoel Sarará, da Associação de Capoeira Ginga Brasil; Puma Camillê, capoeirista e educador social representante da comunidade LGBTQIA+; Mestre Duda; de Salvador; e Contra-Mestre Don, capoeirista do município.

Segundo dados divulgados pela Câmara Municipal de Conquista (CMVC), existem cinco mil praticantes de capoeira na cidade, e quase todos realizam trabalho social. Para o Contra-Mestre Don, a arte merece respeito e atenção, que devem surgir através do apoio por meio de políticas públicas. “É uma luta do povo preto. Estamos cansados”.

Durante o evento, uma roda de capoeira foi formada em frente ao plenário da Câmara Municipal. A audiência fez parte da programação da Semana da Capoeira, instituída através da Lei Nº 2.344, em outubro de 2019, por meio de Projeto de Lei de autoria da ex-vereadora Nildma Ribeiro.

Foto de capa: ASCOM/CMVC

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Uma resposta para ““É uma luta do povo preto”, diz Contra-Mestre de Capoeira sobre a necessidade de políticas públicas para a arte”

  1. […] No entanto, a capoeira ainda é pouco valorizada pela Prefeitura de Conquista e pelo Governo Estadual. Faltam políticas públicas para viabilizar mais acesso ao esporte para os moradores da periferia da cidade e também mecanismos que facilitem que o cidadão comum possa desenvolver projetos sociais em  comunidades carentes. Em 5 de agosto deste ano,  a Câmara de Vereadores realizou uma audiência pública em homenagem ao Dia do Capoeirista, dos 19 vereadores, somente dois estiveram presentes. Uma das reivindicações do mestre de capoeira  foi a  realização de concursos públicos para capoeiristas que atuarem na rede municipal de ensino e a …. […]

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