Coletivo Poc retorna aos palcos com nova montagem do espetáculo “O Príncipe Feliz”

Por - 15 de setembro de 2022

Desde 2018, o grupo promove atividades para dar visibilidade às vivências de pessoas LGBTQIAP+. A peça, baseada em uma obra homônima de Oscar Wilde, estará no Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima, no dia 24 de setembro.

Conectar as sutilezas de uma clássica fábula da literatura infantojuvenil a experiências cotidianas vividas por gays, bissexuais e transexuais de Vitória da Conquista. Essa é a proposta de “O Príncipe Feliz”, espetáculo que marca o retorno do Coletivo Poc aos palcos no dia 24 de setembro, às 19h, no Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima. 

A peça estreou em 2019. No ano seguinte, foi selecionada para o 4º Festival de Teatro do Interior da Bahia. Ainda em 2020, as apresentações tiveram que ser interrompidas em razão da pandemia da covid-19. Mas apesar da barreira do isolamento social, os artistas não deixaram de se dedicar às atividades formativas e culturais, encontrando alternativas no formato virtual.

Para o diretor Felipe Bonfim, o retorno do Coletivo Poc aos palcos representa a possibilidade de um novo recomeço para a cena teatral conquistense. “É um sinal da potência das juventudes e dos grupos independentes do interior da Bahia”, disse.

“O Príncipe Feliz” é baseado no conto de mesmo nome do escritor e dramaturgo Oscar Wilde, que narra a relação de afeto entre uma andorinha macho e a estátua de um príncipe angustiado com o sofrimento de seu povo. Implicitamente, o texto faz menção à sexualidade do autor, que passou dois anos no cárcere após ser condenado por “comportamentos homossexuais”.

As histórias de Wilde se entrelaçam às experiências do Coletivo Poc, na medida em que o grupo reconhece que a condenação da sociedade à diversidade sexual ainda é uma realidade. Para o ator Jonathan de Castro, a construção dos personagens é um reflexo das coisas que os artistas admiram e, principalmente, daquilo que os incomodam. “O que eles têm de nós são os corpos e a vontade de existir em um lugar melhor”, contou.

Entre 2019, ano de estreia da peça, e 2022, quando “O Príncipe Feliz” retorna ao teatro, diversas adaptações foram feitas. Mesmo que parte da estrutura de montagem, dirigida por Gabriela de Souza (Teatro Vocacional Alto Maron), tenha sido mantida, houveram modificações nas cenas, diálogos, figurinos, elenco e direção.

A nova montagem promete provocar risos, emoções e oferecer acolhimento ao público, a partir de um texto que se conecta com a cultura regional do interior da Bahia, ao mesmo tempo em que faz referência à cultura pop. Além de Jonathan de Castro, quem também compõe o elenco é Luís André, Anderson Rosa e Rafael Brandão. 

Os ingressos para o espetáculo podem ser adquiridos através da plataforma Sympla. O valor da meia é R$10,00, enquanto a inteira custa R$20,00.

Cartaz de divulgação da peça.

O Coletivo Poc

O Poc foi fundado em 2018 com a intenção de promover debates sobre as vivências de pessoas LGBTQIAP+ em Vitória da Conquista. No palco, a estreia do coletivo aconteceu por meio do espetáculo “O Príncipe Feliz”, realizado através do Projeto Teatro Vocacional, coordenado pela agitadora cultural Gabriela Pereira de Souza, na Praça da Cultura J. Murilo, no bairro Alto Maron. 

O desejo do grupo de partilhar suas experiências através da arte transbordou para além do teatro. Em março de 2020, nasceu o projeto “Militante do Dia”, um quadro no perfil @coletivo.poc, no Instagram. A ideia foi dar visibilidade a artistas e realizações queer, apresentando-os aos seguidores da página.  Um pouco depois, veio a Coluna Poc, desenvolvida também no período da pandemia da covid-19, de forma on-line, a fim de aproximar pessoas da comunidade LGBTQIAP+ por meio do compartilhamento voluntário de seus poemas e reflexões. 

Um ano depois, com apoio financeiro da Lei Aldir Blanc, foram produzidos dois grandes eventos em formato digital: o Poc Papo e o Vem pra Roda. O primeiro teve como mediadores os próprios membros do grupo, que falaram sobre a população LGBTQIAP+ na ditadura militar até os dias de hoje, mídia e teatro. Já o segundo evento, que abordou quatro temas diversos, incluindo gênero e sexualidade, contou com a participação de nomes relevantes da cultura queer, como Juão Nyn, Thiago Teixeira, Sapatão Amiga, Lucas Miranda, Guilherme Barreto, Bicha da Justiça e Adriana Amorim. 

Em julho de 2022, com o retorno das atividades presenciais, os artistas realizaram a oficina laboratório “Onde Está o Amor?”, no Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima. Foram encontros divididos por temas: memória, afeto, sexo e laços. 

Com a reestreia de “O Príncipe Feliz”, o Coletivo Poc segue abrindo caminhos para o debate e a reflexão a respeito da realidade LGBTQIAP+. “Que possamos todos, independente de ser ou não LGBT+, organizar uma rede fortalecida e engajada para pautar a nossa realidade, cultural e LGBT+, em busca de garantir qualidade de vida”, destacou Bonfim. 

Foto de capa: Felipe Bonfim / Coletivo Poc.

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