Artigo | É possível ser cristão e defender Bolsonaro?
Por Cláudio Carvalho* - 1 de julho de 2022
Questionamento é do professor do curso de Direito da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), Cláudio Carvalho. E a resposta é sucinta e direta: NÃO.
“Cristo Crucificado” é uma obra artística localizada no alto da Serra do Periperi, em Vitória da Conquista. É um monumento do escultor Mário Cravo. Foi inaugurado no dia 9 de novembro de 1980.
É considerado o maior Cristo crucificado do mundo, com 33 metros de altura. Tem as feições do povo nordestino, castigado pelo sol e pela seca, e ressalta a situação social e econômica dos mais pobres do sertão.
O Cristo, no topo da Serra do Piripiri instalado, vigia permanente da nossa cidade na condição de símbolo católico, volta o seu olhar tristonho e espantado – e quem sabe desapontado – com o que vê no Brasil.
É possível ser cristão e defender Bolsonaro?
É possível servir à Cristo, que foi torturado, e mesmo assim votar em alguém que defende a tortura?
É possível servir a alguém que recebeu a pena de morte e votar em alguém que defende a pena de morte?
Acho que não.
Queria dizer ao “teólogo” do Planalto que, se houvesse pistola por volta do ano 30 d.C., Jesus teria sido assassinado por bala e, não, crucificado.
Ou você acredita que Jesus podia fazer cego enxergar, paralítico andar e morto ressuscitar ou você acredita que ele precisava de uma pistola para alguma coisa.
Na época de Jesus não havia arma de fogo, mas haviam outras armas das quais nunca fez uso. Usou a palavra, apenas a palavra, para pregar o amor e a paz, e ensinar a repartir o pão.
João 18
10 Simão Pedro, que trazia uma espada, tirou-a e feriu o servo do sumo sacerdote, decepando-lhe a orelha direita. (O nome daquele servo era Malco).
11 Jesus, porém, ordenou a Pedro: “Guarde a espada! Acaso não haverei de beber o cálice que o Pai me deu?”
Nessa passagem bíblica Jesus repreende Pedro pelo uso de violência e, logo em seguida, Jesus faz milagre e devolve a orelha de Malco ao lugar.
Cristão pode votar no Lula, Ciro ou Sofia. O que não é possível é ser cristão, fazer discurso de ódio, espalhar mentiras e votar em Bolsonaro.
Foto de capa: Secom PMVC.
*Cláudio Carvalho é professor do curso de Direito da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) e co-autor do livro “O direito à cidade”. É doutor em Desenvolvimento e Planejamento Urbano pela Universidade Salvador (UNIFACS) e possui mestrado em Direito pela Universidade Católica de Santos (UNISANTOS).
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