Artigo | Cidades médias lideram o crescimento populacional no Brasil, revela Censo 2022
Por Claudio Carvalho - 10 de agosto de 2023
Por estarem distantes das capitais, municípios como Vitória da Conquista acabam assumindo o papel de centro regional, agrupando uma variedade de comércio e serviços.
Entre 2010 e 2022, as cidades grandes (+de 500 mil habitantes) declinaram de 29,3% para 29% do total da população, enquanto as cidades médias (100 mil a 500 mil) subiram de 25,4% para 28%. Abaixo de 100 mil habitantes também declinou.
As cidades médias ganharam 8,3 milhões de habitantes. Considerando que a população do país cresceu 12 milhões desde o Censo Demográfico 2010, essas cidades respondem por mais de dois terços do aumento.
O Brasil aparentemente está testemunhando uma desmetropolização, o que não é ruim. Quem pode, está buscando maior qualidade de vida em cidades médias, em um movimento de interiorização.
É possível que a migração esteja sendo estimulada pelo alto custo de moradia nas capitais, pela adoção do trabalho remoto, e pela percepção de que a violência urbana e qualidade de vida nas grandes metrópoles estão piorando.
O Censo 2022 também mostra que algumas cidades médias, por estarem distantes das capitais, acabam assumindo o papel de centro regional, agrupando uma variedade de comércio e serviços comparável à das capitais.
É o caso da população de Vitória da Conquista, que cresceu 21,05% segundo o Censo 2022. Chegou a 370.868 habitantes. Em relação ao último levantamento, realizado em 2010, houve um aumento de 64.494 habitantes. Naquele ano, a população apurada foi de 306.374 habitantes.
O número de habitantes a mais na cidade é maior do que a população de 385 dos 417 municípios do estado da Bahia. Com território de 3.254 quilômetros quadrados (km²), a densidade demográfica de Vitória da Conquista é de 113,97 habitantes/km².
Com isso, Conquista têm a chance de expandir sua malha urbana, demarcando previamente as ruas e reservando espaço para o lazer e a infraestrutura urbana. Também pode adotar regulações de uso do solo que produzam bairros de uso misto, densos e caminháveis, com potencial construtivo adequado para conter o espraiamento.
Vale destacar ainda que a cidade tem a 10ª maior população quilombola do Brasil. São mais de 12 mil pessoas. Os quilombolas correspondem a 3,25% dos habitantes de Vitória da Conquista. Além disso, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nos mostrou outro indicador muito importante: aqui tem sim população indígena. 1.497 conquistenses se declaram indígenas.
Essas informações também são importantes para entender a diversidade étnica da nossa população e podem auxiliar no desenvolvimento de políticas públicas adequadas.
Foto de capa: Secom / PMVC.
*Claudio Carvalho é graduado em Direito pela Universidade de Taubaté. Mestre em Direito pela Universidade Católica de Santos. Doutor em Desenvolvimento e Planejamento Urbano pela Universidade de Salvador. Realizou estudos de pós-doutorado em Sociologia Urbana pela Universidade Federal da Bahia. Advogado. Professor Titular de Direito Ambiental, Urbanístico e Agrário da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Coordena o observatório das cidades, políticas públicas e movimentos sociais. Integrante do Núcleo de Assessoria Jurídica Alternativa (NAJA). Tem a pratica docente em suas pesquisas e extensão norteadas por algumas temáticas, como moradia, violência urbana, mobilidade urbana, arte urbana, participação popular como demonstração do direito à cidade justa e democrática.
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