Editorial | Quando o ônibus escolar não vem, o Estado falha
Por Da Redação - 16 de junho de 2025
Na zona rural de Vitória da Conquista, comunidades como Inhobim, Bate-Pé, Matinha e Lagoa de Maria Clemência denunciam a falta de transporte para estudantes. A situação se repete ano após ano.

A cena se repete ano após ano, governo após governo. Estudantes da zona rural de Vitória da Conquista sendo deixados para trás. Literalmente. Com o transporte escolar parado há semanas em dezenas de comunidades, crianças e adolescentes estão impedidos de frequentar a escola. A situação, denunciada pelas famílias e repercutida na imprensa baiana, escancara uma ferida antiga e dolorosa, que é o desprezo do poder público pelas vidas que habitam o campo.
Comunidades como Inhobim, Bate-Pé, Matinha, Lagoa de Maria Clemência e o Quilombo do Oiteiro denunciam o abandono. Sem ônibus, as opções são caminhar quilômetros sob sol ou chuva, ou simplesmente ficar em casa, perdendo aulas, conteúdos e, mais que isso, oportunidades. Em um país com tamanhas desigualdades, cada dia sem aula aprofunda ainda mais o fosso entre quem pode e quem não pode estudar.
E a Prefeitura de Vitória da Conquista? Silêncio. Nenhuma explicação, nenhuma previsão, nenhuma visita às comunidades atingidas. A omissão é eloquente e inadmissível. Em vez de assumir responsabilidades, a gestão municipal prefere ignorar os impactos sociais, pedagógicos e emocionais da falta de frequência nas aulas.
É preciso dizer com todas as letras que impedir o acesso à escola é uma forma de violência. E mais, é uma violação direta da Constituição Federal, que assegura a educação como um direito de todos e dever do Estado. O transporte escolar não é um favor, é uma obrigação.
Infelizmente, o que vemos é uma gestão que não enxerga as famílias da zona rural como prioridade. Os ônibus não chegam, mas o abandono, esse sim, chega pontualmente. E os prejuízos se acumulam no caderno de quem menos deveria carregar esse fardo, as crianças.
Que a Prefeitura pare de se esconder e cumpra seu dever. Porque enquanto o ônibus não vem, quem falha é o Estado e isso acontece sempre com os mesmos cidadãos.
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