Editorial | Inclusão de acessibilidade no FIB demonstra capacidade do jornalismo de impulsionar transformações
Por Da Redação - 26 de agosto de 2024
Interpretação em Libras foi incluída no evento um ano após o Conquista Repórter dar visibilidade à denúncia da comunidade surda.

“Acessibilidade não é um favor, mas sim um direito”. Há um ano essas palavras foram escritas pelo influenciador digital e professor universitário, Léo Viturinno, em uma mensagem enviada ao Conquista Repórter. Em um desabafo, o docente nos contou que um pedido feito por ele e outras pessoas da comunidade surda à produção do Festival de Inverno Bahia (FIB) havia sido negado. Naquele 2023, o coletivo solicitou a inclusão de intérpretes de Libras (Língua Brasileira de Sinais) nos shows de um dos maiores festivais de música da Bahia.
Diante da solicitação não atendida, o grupo entrou com uma ação no Ministério Público do Estado (MP-BA). Depois, Léo fez o que muitas outras pessoas fazem quando estão tomadas pela indignação. Ele buscou um veículo de imprensa que pudesse dar visibilidade à sua denúncia. Ao procurar a reportagem, o professor queria que o mundo (ou pelo menos a população de Vitória da Conquista) soubesse que os direitos das pessoas surdas estavam sendo negligenciados.
E foi assim que foi ao ar a matéria “Produção do FIB 2023 se recusa a atender pedido de disponibilização de intérpretes de Libras em shows”. Como esperado, o texto repercutiu e incomodou. Provocou o debate sobre a ausência de acessibilidade para pessoas com deficiência. Ou seja, cumpriu o papel do bom jornalismo. Um ano depois, em agosto de 2024, o pedido da comunidade surda foi atendido pela Bahia Eventos.
Após 17 edições sem intérpretes de Libras, o festival finalmente passa a contar com os profissionais. O avanço é resultado, principalmente, da mobilização da comunidade surda que não se calou diante da exclusão social. Mas é também um desdobramento que nos mostra a importância do jornalismo local e independente, preocupado com a defesa dos direitos humanos.
Dar visibilidade às pautas de comunidades marginalizadas, sem dúvidas, faz parte do DNA do Conquista Repórter. Assim como buscar sempre a democratização do nosso conteúdo. Ao mesmo tempo em que nos orgulhamos de ter contribuído para a conquista da comunidade surda, o fato nos faz refletir sobre o que ainda não colocamos em prática para tornar o nosso jornalismo mais inclusivo e acessível.
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