Editorial | O reajuste salarial dos servidores e a falta de diálogo da gestão Sheila Lemos

Por - 25 de março de 2024

Não é costume da prefeita dialogar com ninguém que não faça parte da elite a quem seu governo atende. O que temos presenciado nas ruas e nas redes são inúmeras denúncias e pedidos de que reivindicações sejam ouvidas.

“Fora Sheila Lemos!” Esse foi o grito de protesto de professores do município de Vitória da Conquista que ecoou na Câmara de Vereadores, durante sessão ordinária do Legislativo na última sexta-feira, 22. Convocados pelo Sindicato do Magistério Municipal Público (Simmp), os profissionais da educação ocuparam as cadeiras do plenário para demonstrar insatisfação diante da iminente aprovação do reajuste salarial de 3,62%. Não deu outra, a proposta foi aprovada pela maioria dos vereadores. 

É importante destacar que a indignação dos professores não aconteceu somente em razão do baixo percentual de reajuste. O que também causou revolta foi a falta de transparência e diálogo da prefeita Sheila Lemos (UB) com a categoria. O Simmp classificou a atitude da gestão municipal como autoritária. O sindicato disse com todas as letras, inúmeras vezes, que o Projeto de Lei enviado à Câmara de Vereadores não passou pelo crivo e avaliação dos docentes.

Essa não é a primeira a vez e nem será a última que veremos alguém ou alguma entidade denunciar a falta de diálogo desse governo. Não é costume da prefeita Sheila Lemos dialogar com ninguém que não faça parte da elite a quem seu governo atende. Não é à toa que quando visitamos comunidades quilombolas deste município, em 2023, o que ouvimos é que escolas foram fechadas sem que os anseios e preocupações da população fossem ouvidas.

O diálogo é primordial em qualquer instância, especialmente quando nos referimos à gestão pública, que em tese deveria mesmo “governar para as pessoas”. Mas não tem sido essa a postura da Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista. Muito pelo contrário, o que temos presenciado nas ruas e nas redes são inúmeras denúncias e pedidos de que reivindicações sejam ouvidas, especialmente quando se trata da educação municipal pública. 

No ato em defesa da educação pública realizado no último dia 21 de março, em Vitória da Conquista, o que mais se ouviu foram pedidos de escuta. Na ocasião, uma mãe disse ao microfone: “nós queremos respeito”, após denunciar que crianças atípicas estão há quase quatro anos fora das escolas por falta de cuidadores nas instituições de ensino. Esse é mais um pedido para que a prefeita e seus secretários escutem e dialoguem com as pessoas que constroem essa cidade, mães, pais, trabalhadores e trabalhadoras.


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Uma resposta para “Editorial | O reajuste salarial dos servidores e a falta de diálogo da gestão Sheila Lemos”

  1. Herberson Sonkha disse:

    Antes de comentar a excelente matéria quero parabenizar a qualidade, competência e comprometimento profissional da equipe jornalística do Conquista Repórter que vem fazendo história na cidade e região sudoeste com autonomia, independência, ética jornalística, seriedade profissional e honestidade intelectual.
    Não existe qualquer tipo de diálogo minimamente honesto com essa gente sabuja da elite conquistense. Essa gestão caótica e incapaz possui duas dimensões, pois, é tanto um desgoverno para a classe trabalhadora conquistense (setor público e privado) e as populações periférica e campesinas, quanto um excelente governo dose para os ricos de Vitória da Conquista e outros empresários capitalistas de outros municípios que consegue vender péssimos e ineficientes serviços de assessorias sem expertise, à preços vultuosamente milionários. É poder público à serviço dos interesses privados capitalistas!
    O SIMMP tem feito esse debate crítico com os movimentos sindicais e sociais dentro do Fórum Sindical e Popular (FSP) e fora desse espaço da sociedade envolvendo as redes sociais e instituições interessadas como as universidades. A verdade é que existe um desmonte agressivo dos serviços sociais ofertados pelas políticas públicas, sobretudo as políticas educacionais e de saúde pública para atender a gananciosa expectativa capitalista de empresários aliados políticos.
    A qualidade do serviço caiu assustadoramente é não tem a ver com os servidores públicos municipais (altamente qualificados), mais sim com o agressivo sucateamento das políticas públicas, com a sobrecarga de serviços para um quadro de funcionários de carreira diminuto e o intenso assalariamento. Enquanto isso, transformam a prefeitura em um cabide eleitoral inchando a máquina com gente sem qualquer estofo intelectual e destituída de competência técnica para as funções de gestão. Essa gente atrapalha mais do que põe a máquina pública para atender as demandas da população.

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