Eleições 2024 | Saiba como foi o dia de votação em Vitória da Conquista neste domingo, 6
Por Afonso Ribas - 6 de outubro de 2024
Uma das poucas intercorrências registradas aconteceu no Colégio Nossa Senhora de Fátima, onde o candidato a vereador David Salomão foi detido e conduzido à delegacia pela Polícia Federal acusado de obstruir o trabalho da Justiça Eleitoral.
O que você espera das pessoas que irão assumir a gestão do município a partir de 2025? Essa foi uma das perguntas que fizemos a eleitores e eleitoras de Vitória da Conquista neste domingo, 6 de outubro, data do 1º turno das eleições municipais de 2024. Na Escola Municipal Mozart Tanajura, um dos locais de votação visitados pela nossa equipe na zona sul da cidade, a agricultora Jaqueline de Jesus Bezerra respondeu: “Eu espero que eles olhem mais para a zona rural”.
Na frase seguinte, sua voz ficou embargada e a emoção veio à tona. “Lá é muito carente. A gente não tem estrada. Eu trabalho na terra, mas eu não estou podendo trabalhar porque não tem estrada para onde eu tenho a minha terra. Então, hoje eu vim votar na esperança de que o meu candidato ganhe e possa arrumar a estrada pra eu poder trabalhar. É o nosso cantinho. É onde a gente quer estar. Por isso a gente vem aqui votar, pedir a nossa melhora, [exigir] o nosso direito”, disse.
Foi na saída do colégio que a encontramos, por volta das 11h. Moradora do distrito de Cercadinho, Jaqueline carregava uma bolsa, uma mochila e tinha no colo a filha caçula. Acordou cedo e enfrentou duas horas de viagem junto à pequenina para chegar à sua seção eleitoral, no Vila América. Morou no bairro até se mudar para a zona rural há cerca de quatro anos para viver da agricultura junto ao marido. Entretanto, não conseguiu solicitar a transferência de seção no prazo determinado pela Justiça Eleitoral.
Ainda assim, fez questão de viajar uma longa distância com uma criança de colo, passando por uma estrada de chão repleta de buracos, para poder exercer seu direito à cidadania. “Eu vou escolher quem pode me ajudar, porque aí eu voto e posso ir lá cobrar”, afirmou, confiante na decisão tomada e no sistema democrático que possibilitou a concretização do seu voto. Ao contrário do tempo que levou para chegar até a Escola Municipal Mozart Tanajura, o tempo da votação em si durou menos de cinco minutos.
Clima de normalidade
De modo geral, o processo ocorreu de forma rápida e tranquila nas três zonas eleitorais de Vitória da Conquista (39ª, 40ª e 41ª). Apesar da formação de filas ter sido registrada em locais de votação momentos antes do início do pleito, a maioria dos eleitores não teve que esperar muito para votar no decorrer do dia após a abertura dos portões. No Colégio Estadual Professora Heleusa Câmara, o fluxo de eleitores ainda era baixo no início da manhã.
Já no Colégio Estadual Dom Climério Almeida de Andrade, houve a formação de uma fila extensa antes da votação ser iniciada, que logo se regularizou, segundo o coordenador das seções existentes na escola, Rubervando Nascimento. Mesários e fiscais ouvidos pela nossa reportagem também destacaram o clima de normalidade no pleito. Mesmo em locais com maior concentração de eleitores, como o Complexo Integrado de Educação Básica (CIEB), o quarto maior colégio eleitoral da Bahia, nossa equipe não registrou nenhum tipo de tumulto no período da manhã.
“Tudo está transcorrendo conforme o planejamento. Iniciamos às oito horas a sessão de votação em 199 zonas eleitorais nos 417 municípios baianos. Embora haja algumas intercorrências, o trabalho está sendo realizado de forma eficiente, contando com a colaboração da Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal”, avaliou o presidente do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA), desembargador Abelardo da Matta, na primeira coletiva de imprensa concedida durante o dia.
Intercorrências pontuais
Em Conquista, uma das poucas intercorrências registradas aconteceu no Colégio Nossa Senhora de Fátima, onde o candidato a vereador David Salomão foi detido e conduzido à delegacia pela Polícia Federal acusado de obstruir o trabalho da Justiça Eleitoral. Ele disse que teria sido “impedido de votar e exigir meu direito”. Na sede da PF, foi assinado um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e, então, o político foi liberado. Nossa reportagem também flagrou um conflito entre fiscais das coligações “A Força pra Mudar Conquista” e “Conquista Segue Avançando” no Colégio Dom Climério.
A discussão começou devido à discordâncias quanto à abordagem feita a eleitores por um funcionário da instituição que não estava identificado como fiscal, mesário ou coordenador. Em pouco tempo, a coordenação do colégio eleitoral interviu e acalmou os ânimos. Já no Instituto de Educação Euclides Dantas, uma fiscal precisou ser socorrida para a emergência do Hospital Unimec após ter uma crise de fortes dores nos membros inferiores, fruto de fibromialgia.
Em todo o município, apenas uma urna eletrônica precisou ser substituída, mas o TRE-BA não especificou a zona e a seção à qual pertencia o equipamento. Na Bahia, foram 98 substituições até às 14h30. Já o número de crimes eleitorais até o meio dia chegou a 48, ocorridos em 33 municípios, incluindo boca de urna, transporte irregular, entre outros. O aplicativo Pardal, por sua vez, recebeu 5,7 mil denúncias de irregularidades durante a votação.
Votação dos candidatos
Os candidatos à Prefeitura Municipal votaram ainda durante a manhã deste domingo, 6. Sheila Lemos (UNIÃO) e Waldenor Pereira (PT) compareceram aos seus locais de votação por volta das 10h. O petista estava acompanhado da esposa, da candidata a vice, Luciana Silva (PSB), de militantes, apoiadores, de candidatos a vereador e dos deputados estaduais, Zé Raimundo (PT) e Fabrício Falcão (PCdoB).
Lemos votou na Escola Normal, acompanhada do seu candidato a vice, Aloísio Alan, da mãe, a ex-vice prefeita, Irma Lemos, candidatos a vereador, apoiadores e de cargos comissionados. A candidata Lúcia Rocha (MDB) também esteve ao lado do vice em sua chapa, Delegado Marcus Vinícius, no momento da votação, efetuada em um colégio particular da zona oeste. Eles conversaram com eleitores e, em seguida, Lúcia voltou para casa. Marcos Adriano, por fim, foi votar acompanhado da esposa e de seu marqueteiro, também em uma escola privada. Após concluir o processo, ainda permaneceu mais um tempo no local.
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