Editorial | O pedido de socorro do setor cultural de Vitória da Conquista
Por Da Redação - 10 de março de 2025
Em uma conjuntura onde há o sucateamento da cultura e o aparelhamento de órgãos de controle social, a entrega de uma carta-proposta com reivindicações no gabinete da prefeita Sheila Lemos representa um ato de resistência.

Em uma conjuntura local onde a mobilização da sociedade civil por políticas públicas de cultura é minada pelo aparelhamento de órgãos de controle social e pela ausência de fomento ao setor, a entrega de uma carta-proposta com reivindicações da classe artística para a Prefeitura de Vitória da Conquista representa um verdadeiro ato de resistência da categoria. Mas não só isso. Assinado por cerca de 3,4 mil pessoas, o documento, protocolado na última sexta, 7, no gabinete da prefeita Sheila Lemos, simboliza também um pedido de socorro para o Poder Público.
Mas por que entregar tal carta ao Governo Municipal se é o próprio grupo que controla o governo o principal responsável pelo atual sucateamento da Cultura no município? Pode parecer contraditório. Contudo, não é. Afinal, a quem mais devemos cobrar e reivindicar nossos direitos se não àqueles que foram eleitos para gerir a cidade de forma democrática, atendendo às demandas de toda a população, independentemente de classe social, cor, raça ou mesmo orientação política?
Mesmo que na prática isso nem sempre aconteça, principalmente quando falamos de gestões da extrema-direita, é preciso fazer tensionamentos políticos e brigar com as próprias armas que a democracia nos fornece não apenas para conquistar direitos, mas sobretudo para evitar retrocessos em direitos já conquistados. Ou você acha mesmo que se não houver pressão e luta dos artistas pela revitalização e reabertura de equipamentos como o Teatro Carlos Jehovah, a atual gestão vai tomar medidas efetivas para que isso aconteça por vontade própria? Obviamente não.
Se não fosse a mobilização da classe artística, é difícil não pensar que o Carlos Jehovah poderia ter sido simplesmente demolido pela Prefeitura, enterrando toda uma história e memória coletiva construídas em torno desse espaço, que, por si só, é um símbolo de resistência cultural em Conquista. Se os artistas não questionassem, por exemplo, por que o resultado dos editais municipais da Política Nacional Aldir Blanc ainda não foi divulgado cinco meses após a abertura das inscrições, como fizeram nesta semana coletivos locais, a impressão que fica é de que está tudo bem, quando, na verdade, não está.
Portanto, é preciso continuar, cada vez mais, respondendo a novos ataques e tentativas de precarização da Cultura com mais pressão e cobranças. Contra a retirada de direitos já conquistados, mais protestos. Contra o sucateamento de equipamentos públicos, mais cartas e até mais notas de repúdio. Contra mentiras e omissões, mais e mais críticas em comentários nas redes sociais. Lutar da forma que a gente pode, da forma que a gente consegue. Sempre.
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