Editorial | Com Ivan Cordeiro na disputa pela presidência da Câmara Municipal, bolsonarismo avança

Se na atual legislatura o conservadorismo que domina a Câmara Municipal de Vitória da Conquista já causa revolta e repulsa, o que esperar de uma nova gestão da mesa diretora liderada, possivelmente, pelo autoproclamado vereador “mais bolsonarista” da cidade? É esse o cenário que se desenha para os próximos anos. O parlamentar Ivan Cordeiro (PL) desponta como favorito na disputa pela presidência do Legislativo conquistense.

Sua conduta política não se diferencia muito da postura de seus colegas vereadores de situação, que preferem votar moções de aplauso LGBTfóbicas do que defender os interesses da periferia e da zona rural. Mas é um tanto curioso ver que agora, passada a eleição municipal, todos eles, além da própria prefeita Sheila Lemos, não fazem mais questão de esconder sua vinculação com a extrema direita. Afinal, segundo o que circulou na imprensa local esta semana, ela e sua bancada já garantiram apoio a Ivan.

”A decisão acontece dentro de um grupo. Tinham quatro nomes colocados: o de Luís Carlos Dudé, o de Hermínio Oliveira, o nome de Ivan e o nome de Edivaldo Ferreira Júnior. Dentro do grupo de Sheila, para não criar divisões, a gente está fazendo a unificação, com a unificação, a gente vai ficar com Ivan para presidente da Câmara. O grupo vai unir para não dividir forças”, disse o líder da situação, Edjaime Bibia (União), em entrevista concedida ao Blog do Sena na última quarta-feira, 30.

Ao afirmar isso, o que Bibia deixa claro é que o nome de Ivan, principal defensor do clã Bolsonaro e do lema “Deus, Pátria e Família” em Conquista, é o que melhor representa o grupo político da atual prefeita. Até pouco tempo, vale lembrar, Lemos processava seu adversário petista no pleito eleitoral por chamá-la de bolsonarista. É tudo questão de conveniência? Para o jornalista Giorlando Lima, esse, na verdade, já pode ser seu primeiro movimento considerando uma possível nova eleição, diante da pendente decisão do Tribunal Superior Eleitoral em torno da sua elegibilidade.

A demora na resolução do imbróglio pode, inclusive, levar Cordeiro a assumir interinamente a Prefeitura, fortalecendo e projetando ainda mais o seu nome perante a população. Enquanto isso, o que vemos no outro campo do espectro político é uma esquerda que parece imobilizada e que perdeu a credibilidade perante o seu eleitorado no âmbito local, ou o vínculo com a população, conforme bem pontuou em entrevista ao Conquista Repórter a recém-candidata a vereadora pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Beth do MST.

É preciso, de fato, fazer urgentemente uma autocrítica e questionar coisas que não fazem o menor sentido como o fato de um vereador que se diz da esquerda (ou que está em um partido que se diz de esquerda), Ricardo Babão (PCdoB), declarar apoio a quem representa o oposto do que um verdadeiro partido de esquerda defende ou deveria defender, que são os interesses da classe trabalhadora e das populações subrepresentadas e historicamente marginalizadas em nossa sociedade. Assim, seguimos em queda livre num buraco sem fim.

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