Crianças andam até oito quilômetros para acessar transporte escolar em quilombo conquistense, diz líder comunitária
Por Karina Costa - 20 de fevereiro de 2024
Na região de Lagoa de Maria Clemência, na zona rural, as condições precárias das estradas, especialmente em períodos chuvosos, impedem que estudantes consigam chegar até a Escola Municipal Alfredo Brito.
“Há alguns anos tivemos duas de nossas três escolas fechadas sem aviso prévio, e de lá pra cá, o que já era ruim se tornou um caos”. Quem afirma isso é Ramônica Mendonça, liderança comunitária do quilombo de Manoel Antônio, localizado na região de Lagoa de Maria Clemência, zona rural de Vitória da Conquista.
Além de ter que lidar com a superlotação da única unidade de ensino ativa no território, estudantes da localidade sofrem com a dificuldade de acesso ao transporte escolar por conta das condições precárias das estradas, que pioram em períodos chuvosos.
Os colégios fechados aos quais Ramônica se refere são as escolas municipais Teófilo Lemos e Jorge Amado, desativadas em 2019. Com o fechamento dessas instituições, só restou a Escola Municipal Alfredo Brito para atender as crianças do território de Lagoa de Maria Clemência, que compreende oito comunidades quilombolas, incluindo Manoel Antônio.
“Desde o fechamento dos dois colégios, prometeram a construção de duas salas de aula extras pra desafogar um pouco as turmas e já se foram anos só de promessas”, disse a líder quilombola.
Além da ausência de espaço para atender tantas crianças, o mato está muito alto ao redor da escola. Outro problema que prejudica os estudantes é a situação precária das estradas que ligam os diferentes quilombos do território.
“Ficamos sem transporte para buscar os alunos por conta das estradas. Na Taboa [quilombo], não tem transporte nenhum e as crianças precisam fazer o percurso de cerca de 5 a 8 km pra pegar o ônibus”, conta Ramônica.
Em dezembro de 2023, o Conquista Repórter lançou uma reportagem especial sobre o fechamento de escolas rurais em comunidades quilombolas do município. Na época, questionamos a Prefeitura Municipal sobre a promessa de ampliação da Escola Alfredo Brito e também sobre a possibilidade de asfaltamento das estradas. Não obtivemos respostas naquele momento.
Nesta semana, solicitamos novamente, via e-mail, esclarecimentos do governo a respeito dos mesmos assuntos e também sobre a manutenção da escola, o que inclui a limpeza dos arredores. Mas até a publicação desta matéria, não recebemos nenhuma devolutiva.
Foto de capa: Ramônica Mendonça.
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