Combate ao assédio é tema de evento realizado na UESB pelo Sindicato dos Jornalistas da Bahia
Por Karina Costa - 14 de março de 2024
Entidades, professores e estudantes destacaram a falta de um protocolo para combate às violências moral e sexual na universidade.
Um ano após denúncias de assédio moral na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), o Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba) reuniu estudantes, professores e representantes de diversas entidades no ato “Mulheres contra o Assédio”, realizado nesta quarta-feira, 13, no campus da instituição em Vitória da Conquista. Na ocasião, docentes e jornalistas repudiaram a postura da reitoria, que não acatou a indicação da comissão de sindicância pela abertura de Processo Administrativo Disciplinar (PAD) contra os acusados. Os casos ocorreram na Assessoria de Comunicação (Ascom) e no Sistema de Rádio e Televisão Educativas (Surte).
Para o debate no evento, foi formada uma mesa composta por mulheres representantes de diferentes segmentos e organizações. A professora Carmen Carvalho, do curso de Jornalismo da UESB, abriu a discussão destacando a violência contra jornalistas e a importância da luta por mais mulheres em espaços de decisão. Além disso, ressaltou o papel dos sindicatos enquanto espaços de organização para a reivindicação por direitos e parabenizou o Sinjorba pelo trabalho junto aos jornalistas assediados na UESB, que vem sendo realizado desde 2023.
Coordenadora geral do Diretório Central dos Estudantes da UESB – Gestão Maria Felipa, Letícia Rodrigues destacou as ações do DCE para o combate às opressões dentro do ambiente acadêmico. “Na próxima semana, vamos reativar o NUCOA, que é o Núcleo de Combate às Opressões e Assédio. E a função dele é acolher as pessoas vítimas de assédio na universidade e também promover espaços de debate que possam conscientizar sobre esse assunto”, disse a estudante. O núcleo será relançado no dia 18 de março, durante a semana de recepção dos novos alunos.
Também marcaram presença na mesa Monalisa Barros, professora que compôs a comissão de sindicância designada pela reitoria da UESB para investigar as denúncias na Ascom e no Surte; Márcia Lemos, historiadora e coordenadora do Laboratório de Estudos Marxistas da UESB; Maria Madalena dos Anjos, do Departamento de Ciências Sociais Aplicadas da UESB; Wilde Soares, da União de Mulheres de Vitória da Conquista; Viviane Sampaio, vereadora do PT; Iracema Lima, presidente da Associação dos Docentes da UESB (Adusb); e Gabriela Garrido, presidente do Instituto Tear.
O público na plateia também participou da discussão, repudiando a inércia da reitoria da UESB diante das denúncias de assédio na instituição. “Nós nos envergonhamos profundamente do que aconteceu aqui por parte da gestão da universidade. No momento em que a denúncia chegou, a reitoria fez um texto vergonhoso tentando botar panos quentes e não podemos esquecer que é uma gestão totalmente masculina, que se defende e que tenta se proteger”, disse Suzane Tosta, professora do Departamento Geografia da UESB, campus de Conquista.
Nos momentos finais do evento, o presidente do Sinjorba, Moacy Neves, informou que também na quarta-feira, 13, foi realizada no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), a audiência em torno da Ação Civil Pública movida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) contra a UESB, por dano moral coletivo. O MPT ingressou com a medida após concluir que a universidade “foi leniente em não adotar providências imediatas para fazer cessar as ocorrências de assédio moral relatadas à Ouvidoria da instituição”. O sindicalista ressaltou que o Sinjorba será “uma pedra no sapato” da UESB até que seja estabelecido um protocolo para o combate ao assédio dentro da instituição.
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