Artigo | A responsabilidade do Governo da Bahia diante do genocídio negro pela polícia
Por Herberson Sonkha* - 21 de novembro de 2024
Em uma gestão progressista, ao invés de perpetuar um sistema violento e racista, a força policial deveria operar para combater as desigualdades estruturais. No entanto, os dados alarmantes mostram o contrário.
Neste mês de novembro, período em que o Movimento Negro intensifica a realização de atividades para estimular a reflexão crítica sobre as múltiplas expressões do racismo, o Governo da Bahia mantém um silêncio ensurdecedor sobre a contínua matança de jovens negros pela polícia. A situação nos impõe um questionamento urgente: a gestão é refém das forças policiais ou compactua com este extermínio?
Em um governo progressista, ao invés de perpetuar um sistema violento e racista, a força policial deveria operar sob diretrizes voltadas para a promoção da segurança, com respeito aos direitos humanos e combate efetivo às desigualdades estruturais. No entanto, os dados alarmantes sobre a letalidade policial no estado sugerem um alinhamento tácito ou mesmo uma incapacidade do governo de romper com os mecanismos históricos que sustentam a violência estatal contra a população negra.
O cenário exige uma reflexão profunda: qual a responsabilidade de um governo que se diz progressista diante de uma realidade de genocídio negro? Permanecer em silêncio ou omisso é, de fato, uma escolha política que legitima a continuidade dessas práticas. O compromisso real com a justiça racial e a proteção da vida passa, necessariamente, pela revisão das políticas de segurança pública, pela desmilitarização das forças policiais e pela implementação de ações que garantam a dignidade da juventude negra.
Enquanto o governo não tomar uma posição explícita e corajosa frente a essa questão, o Movimento Negro continuará sendo uma voz crítica indispensável na luta contra o racismo, expondo as contradições de um estado que precisa urgentemente escolher entre justiça ou conivência.
*Herberson Sonkha é um militante comunista negro que atua em movimentos sociais. Integra a Unidade Popular (UP) e o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). É editor do Blog do Sonkha e, atualmente, também é colunista do jornal Conquista Repórter.
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