Vídeo | Líder quilombola busca preservar saberes ancestrais por meio de biblioteca comunitária

Por - 14 de agosto de 2024

No primeiro quilombo urbano de Vitória da Conquista, Laiz Gonçalves coordena, desde 2020, a Biblioteca Comunitária Kilombeco. Por meio da educação, ela ensina meninas e meninos a valorizarem suas raízes afro-brasileiras.

Afonso Ribas

“Eu sou uma mulher preta”, afirma Laiz Gonçalves Souza. Aos 37 anos, essas palavras saem de sua boca sem hesitação, medo ou vergonha. Mas nem sempre foi assim. Ela se recorda muito bem das vezes em que teve que alisar o cabelo ou mentir sobre sua religião para evitar agressões. Quando era criança, chegava em casa aos prantos após ouvir na escola ofensas racistas por conta da cor de sua pele. Hoje ela não se esconde mais e ensina meninas e meninos a valorizarem suas raízes afro-brasileiras.

Nascida e criada na Comunidade de Vó Dôla, primeiro quilombo urbano de Vitória da Conquista, Laiz é candomblecista, líder comunitária e articuladora social. Desde 2020, coordena a Biblioteca Comunitária Kilombeco. É através desse projeto que ela busca passar para futuras gerações os saberes ancestrais que aprendeu com sua avó, Maria Petronilha, sua mãe, Fátima, e tantas outras mulheres que vieram antes.

Situada no Beco de Vó Dôla, principal referência geográfica do quilombo, no bairro Pedrinhas, a Kilombeco atende crianças a partir dos dois anos. O projeto começou durante a pandemia da covid-19 com o objetivo de ajudar os estudantes que precisavam se adaptar às aulas remotas. No início, Laiz auxiliava apenas sua filha e três sobrinhas, mas logo percebeu que muitas outras famílias da comunidade necessitavam do apoio.

“Quando a gente foi ver o número de crianças tinha aumentado muito”, conta a coordenadora. Dessa forma, o que antes era uma iniciativa pequena e emergencial, se tornou um projeto que atende não apenas crianças do quilombo, mas de outros bairros adjacentes. Além de reforço escolar, o espaço oferece atividades lúdicas, como contação de histórias, principalmente de livros que valorizam as tradições e raízes afro-brasileiras.

Confira abaixo mais detalhes dessa história na videorreportagem da série Histórias à Margem.

Este projeto foi contemplado nos Editais da Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Cultura via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura, Governo Federal. Paulo Gustavo Bahia (PGBA) foi criada para a efetivação das ações emergenciais de apoio ao setor cultural, visando cumprir a Lei Complementar no 195, de 8 de julho de 2022.

Direção e roteiro: Victória Lôbo

Produção executiva e pesquisa: Karina Costa

Assistência de produção/Assistência de edição: Afonso Ribas

Cinegrafista e edição: Anderson Rosa

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