Restaurantes de Conquista também tiveram seus nomes trocados por frases negacionistas e ataques políticos no iFood
Por Afonso Ribas - 3 de novembro de 2021
Alguns internautas disseram que a ação teve cunho terrorista ao disseminar discursos de ódio e propaganda antivacina
Restaurantes e lanchonetes de Vitória da Conquista estão entre os estabelecimentos comerciais que tiveram seus nomes substituídos, no iFood, por frases pró-Bolsonaro, ofensas políticas e propaganda contra vacinas na noite dessa última terça-feira, 2. Capturas de tela que circularam pelas redes sociais mostram que empresas locais tiveram suas identificações trocadas para “Vacina Mata”, “Lula Ladrão”, “Bolsonaro 2022” e “Mariele de Franco Peneira”.
A mesma situação foi identificada em diversas outras localidades do país, como Salvador, Florianópolis, Natal, Criciúma e no ABC Paulista. Entretanto, de acordo com o iFood, a substituição dos nomes, que causou espanto nos usuários do serviço de delivery, ocorreu com apenas 6% dos estabelecimentos cadastrados na plataforma.
Assim que o fato começou a repercutir nas redes sociais, vários internautas afirmaram que o aplicativo havia sido hackeado, mas a informação foi desmentida pelo iFood. Segundo a empresa, “o incidente foi causado por meio da conta de um funcionário de uma prestadora de serviço de atendimento que tinha permissão para ajustar informações cadastrais dos restaurantes na plataforma, e que o fez de forma indevida”.
Muitos usuários tiverem receio de que os dados dos seus cartões de crédito e débito fossem vazados, mas o iFood afirmou, em nota, que os meios de pagamento dos clientes estão seguros. As informações não são armazenadas nos bancos de dados da empresa, “ficando gravadas apenas nos dispositivos dos próprios usuários”, diz o texto.
Apesar dos nomes dos estabelecimentos terem sido reajustados horas após a identificação do problema, a repercussão do assunto nas redes sociais ganhou força ao longo desta quarta-feira, 3. No Twitter, internautas disseram que a ação, de cunho bolsonarista, foi uma forma de terrorismo.
“É preciso que a pessoa [responsável pela ação] seja processada, seja pelo iFood, seja pelo MP [Ministério Público]. Não é possível que alguém propague “vacina mata” para um número incontável de pessoas, sem consequências”, comentou um usuário da rede social.
Personalidades políticas como a ativista Erika Hilton destacaram o fato de que um dos objetivos das mensagens foi disseminar ódio e crueldade contra a figura de Marielle Franco, vereadora do PSOL morta a tiros em 2018.
O deputado estadual Fabrício Falcão (PCdoB) foi um dos representantes políticos locais que se manifestaram sobre o assunto. Em um post em seu perfil oficial no Instagram, ele disse que essa é mais uma prova “da guerra cibernética que acontece todos os dias e de como será o tom da campanha bolsonarista em 2022”.
Imagem de capa: Reprodução / iFood
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