Denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes crescem após retorno ao ensino presencial
Por Karina Costa - 20 de julho de 2022
Segundo órgãos que atuam na proteção dessa população, é na escola que as vítimas costumam verbalizar as agressões sofridas. Na zona rural de Conquista, em 2021, o Conselho Tutelar atendeu 34 casos de supostos abusos sexuais.

Com o retorno ao ambiente escolar após quase dois anos de isolamento e distanciamento social, devido a pandemia da covid-19, tem sido perceptível o aumento do número de denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes. É essa a realidade apontada por órgãos que atuam na proteção dessa população, em Vitória da Conquista.
“Nós recebemos aqui diversos tipos de situações, de violência psicológica, física, mas temos recebido muitas denúncias de abuso sexual agora que eles [crianças e adolescentes] voltaram para as escolas”, disse Wallas Pinto, coordenador do Conselho Tutelar Leste. Segundo o conselheiro, é no convívio com amigos, colegas e professores dentro das instituições de ensino que, normalmente, as crianças e os adolescentes verbalizam as agressões sofridas.
“A escola é uma parceira do conselho tutelar. É onde a criança e o adolescente passam boa parte do tempo. Lá eles acabam conversando com um professor ou diretora que, em seguida, nos procuram para ajudar a melhorar a vida daquele aluno”, contou Wallas.
Em entrevista ao Conquista Repórter, Edileide Santos, presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (COMDICA), também destacou a violência sexual como principal violação de direitos dos mais jovens no município. “Nos deparamos diariamente com a exploração e o abuso sexual, além da exploração do trabalho infantil. E isso é muito difícil para nós que trabalhamos para proteger a infância”, afirmou.
Segundo a Prefeitura de Vitória da Conquista, só em 2021, foram notificados e atendidos 472 casos de violência sexual contra crianças e adolescentes na cidade. Já as informações disponibilizadas pelo Ministério da Saúde, através do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), apontam que houveram 243 registros de violências aos grupos, entre 2020 e 2021. Foram 87 violações em 2020 e 156 no ano seguinte, 2021. Os dados coletados abrangem a faixa etária entre 1 e 19 anos.
Na zona rural, a realidade não é tão diferente. De acordo com Jocione Fonseca, coordenadora do Conselho Tutelar Rural, no ano de 2021, o órgão atendeu 34 casos de supostos abusos sexuais, um número considerado alto em relação a índices anteriores. “Esse tipo de violação acontece muito, o número ainda é grande. Além disso, temos muitos conflitos familiares, espancamento ou violência psicológica”, destacou a conselheira.
Foto de capa: Pixabay.
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