Conquistenses denunciam tentativas de golpes via Whastapp através do PIX
Por Karina Costa - 16 de julho de 2021
Contatos não identificados solicitam dinheiro com a justificativa de que são os responsáveis pela cobrança do aluguel ou se passam por outras pessoas através de números clonados; Saiba como se proteger
Clonagem de números de telefone, disseminação de fake news, compartilhamento de links maliciosos, criação de contas falsas. Esses são diferentes formatos de golpes aos quais os usuários da internet, principalmente do WhatsApp, estão expostos no meio virtual. Em Vitória da Conquista, algumas pessoas têm sido vítimas dessas armadilhas. Por meio do aplicativo de mensagens, um contato não identificado pede dinheiro com a justificativa de que é o responsável pela cobrança do aluguel ou se passa por outras pessoas através de números clonados. Em seguida, envia uma chave PIX para o recebimento da quantia solicitada.
Em maio deste ano, Edimária Santos recebeu uma mensagem de um número desconhecido. O contato utilizava um telefone com o código DDD da região (77) e uma foto de perfil que não mostrava um rosto, mas uma imagem de mãos que, juntas, formavam um coração que continha no interior a palavra ‘fé’. “A pessoa me disse assim: eu tô responsável agora pelos aluguéis, tem como me mandar o desse mês hoje?”, contou a engenheira civil.
No início da conversa, Edimária acreditou que se tratava de um engano. Mas após a insistência do golpista, ela começou a desconfiar de toda a situação. “O dono do apartamento mora aqui em cima. Se fosse para cobrar, ele bateria na minha porta. Além do mais, tinha poucos dias que meu marido havia pago o aluguel”.
O suposto locatário abandonou a conversa depois que a engenheira afirmou que não pagava aluguel. “Como eu não caí no golpe, a pessoa desistiu. Eu até salvei o número, mas não entraram novamente em contato. Só que se fosse alguém em uma situação diferente da minha, poderia ter transferido esse dinheiro”, disse.
Foi também no mês de maio que Mário Ribeiro enfrentou a mesma situação. Através do WhatsApp, um contato não salvo em sua agenda enviou uma mensagem perguntando se ele já havia ‘feito o depósito’. Sem entender do que se tratava, o jornalista pediu que a pessoa se identificasse. ”Me responderam que era do aluguel. Foi nesse momento que eu saquei que poderia ser algum tipo de golpe. Eu sempre paguei meu aluguel por meio de boletos enviados pela imobiliária no e-mail. Então, nunca fiz transação por telefone”.
No começo deste mês, em 6 de julho, foi a vez de Rhaic Piancó ser abordado de forma semelhante via WhatsApp. A primeira mensagem dizia: “oi, poderia me pagar o valor?”. Segundo o jornalista, desde o início da conversa ele sabia que aquela era uma tentativa de golpe. “Alguns dias antes eu tinha visto uma matéria no Fantástico dizendo que as pessoas estavam fazendo isso. Além do mais, tinha uma foto de perfil estranha e não é assim que as pessoas te cobram uma dívida”.
Após identificarem as tentativas de golpes, Mário e Rhaic continuaram as conversas e fingiram acreditar na existência das dívidas. “Eu respondi: ‘claro que posso [transferir o dinheiro], é só me mandar o PIX’. Eu queria saber até onde a pessoa ia”, disse Piancó. Ribeiro usou uma abordagem parecida. Ele pediu os dados bancários para que pudesse realizar o pagamento. “Falei assim: ‘acabei de fazer o PIX’. Aí a pessoa me pediu um comprovante e eu disse que ia solicitar com a Polícia Federal”, contou.
Paulo Kalled não teve a mesma sorte que os outros três conquistenses. Além disso, o golpe aconteceu com ele de uma maneira diferente. Alguém se passou por um conhecido do cinegrafista, pediu o pagamento de uma assinatura que os dois dividem e justificou o número de telefone desconhecido dizendo que havia trocado de contato. Logo em seguida, veio a solicitação de transferência via PIX. “Pode fazer com essa chave que ele vai me passar o dinheiro, tá bom? É do meu cunhado”, dizia a mensagem.
“O que aconteceu é que clonaram o WhatsApp de um conhecido meu. Eu recebi uma mensagem como se fosse ele pedindo o adiantamento da mensalidade. Eu paguei e só descobri uma semana depois que era um golpe, quando fui falar conversar com ele”, explicou Kalled.
Como se proteger dos golpes virtuais
De acordo com estudo realizado pela Kaspersky, empresa de cibersegurança, entre dezembro de 2020 e maio de 2021, mais de 91 mil links maliciosos – aqueles utilizados para roubar dados ou clonar números de telefone – foram compartilhados via WhatsApp. O Brasil ficou em segundo lugar no ranking de países em que a prática é mais comum, atrás apenas da Rússia. Já uma pesquisa do dfndr lab, laboratório especializado em segurança digital da PSafe, apontou que mais de 5 milhões de brasileiros foram vítimas do golpe de clonagem de WhatsApp em 2020.
Ainda não existem levantamentos específicos sobre o golpe do aluguel, mas os dados mostram que é cada vez mais comum as tentativas de roubos ou fraudes via WhatsApp. Por isso, ao utilizar o aplicativo de mensagens, é preciso seguir algumas dicas de segurança digital.
O Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) recomenda que dados pessoais ou códigos de verificação nunca sejam compartilhados sem que antes a identidade da pessoa seja confirmada. O mesmo vale para a realização de transferências. Os golpistas também podem ter acessos aos números de WhatsApp de conhecidos e se passar por eles, por isso, em casos de cobranças, é importante pedir que a pessoa faça uma ligação ou responda por áudio.
Caso a pessoa já tenha caído em um golpe, é necessário alertar amigos e familiares, além de tirar prints, reunir comprovantes de pagamento e fazer um Boletim de Ocorrência. E se o WhatsApp foi clonado, é necessário tentar recuperar a conta para que, assim, seja possível desconectar os golpistas entrando novamente no aplicativo e confirmando o número de telefone.
Em maio deste ano, foi sancionada a Lei Nº 14.155/2021, que aumenta as penas para crimes digitais, o que inclui os golpes via WhatsApp. De acordo com a nova legislação, os golpistas podem cumprir de quatro a oito anos de prisão.
Para outras dicas de segurança digital e prevenção de golpes, acesse aqui.
*A reportagem entrou em contato com o Disep (Distrito Integrado de Segurança Pública de Vitória da Conquista) para buscar acesso a dados locais, mas não obtivemos êxito até o fechamento da matéria.
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