Silvio Jessé interpreta fotografias de Evandro Teixeira em exposição no Centro de Cultura
Por Karina Costa - 4 de fevereiro de 2022
A mostra 'Sertão Colorido Quanto Preto e Branco', disponível para visitação até 12 de março, é uma homenagem ao trabalho do fotojornalista baiano. Cada peça mostra um elemento singular da infância no cotidiano do sertão.
Com 31 telas e três painéis, a exposição ‘Sertão Colorido Quanto Preto e Branco’, do artista plástico Silvio Jessé, é uma homenagem ao trabalho do fotojornalista baiano Evandro Teixeira. As obras estão expostas no Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima (CCCJL), em Vitória da Conquista, até o dia 12 de março. Segundo Jessé, o objetivo da mostra não é apresentar releituras das fotografias capturadas através do olhar artístico de Evandro, já que, em suas palavras, os registros são “perfeitos e fantásticos”.
“As fotografias de Evandro são perfeitas. […] Eu não quis nem fazer releitura, na realidade. Foi mais uma interpretação de buscar nos tons de cinza, as cores que eu achava que se encaixavam naquela paisagem”. Em conjunto com Ester Figueiredo e Edmilson Santana, responsáveis pela curadoria da exposição, Jessé decidiu retratar na mostra as imagens da infância nas fotografias de Teixeira.
“Nós optamos por fazer um recorte do olhar da criança, em observar como ela estava inserida nas paisagens de Evandro. Inclusive, a professora Ester notou que não havia uma fotografia que não tivesse uma criança”, explicou o artista plástico conquistense. Cada peça mostra um elemento singular da infância no cotidiano do sertão. A partir das imagens do fotojornalista baiano, Jessé criou interpretações com foco nas cores, que são elementos marcantes em seu trabalho.
De acordo com o artista plástico, as obras de Evandro Teixeira estão presentes em sua vida há muito tempo, desde que o fotojornalista lançou o livro ‘Canudos 100 anos’, em 1997. “Eu já acompanhava o seu trabalho, mas, com o passar do tempo, a gente terminou se conhecendo na Flican (Feira Literária de Canudos). Ele generosamente permitiu que eu usasse o trabalho dele para as interpretações”, contou Jessé. “E foi aí que surgiu a ideia dessa exposição”, completou.
A mostra está aberta para visitação às segundas, de 9h às 17h, e também entre terça-feira e domingo, de 14h às 22h, no foyer e na sala multiuso I. A classificação é livre e a entrada é totalmente gratuita.
Em razão da pandemia da covid-19, é necessário que os visitantes apresentem comprovante de vacinação (duas doses ou dose única) e respeitem o uso obrigatório de máscaras, medição de temperatura no local e higienização das mãos com álcool gel. O limite de pessoas por sessão é de 69 vagas simultâneas.
A trajetória de Evandro Teixeira
Nascido no povoado de Irajuba, localizado a 307 quilômetros de Salvador, Evandro Teixeira é filho de Valdomiro, fazendeiro, e de Almerinda, dona de casa. Ele iniciou sua carreira no jornalismo em 1958, no jornal ‘Diário da Noite’, na cidade do Rio de Janeiro. Em 1963, passou a trabalhar no Jornal do Brasil. Seu olhar apurado através das lentes da câmera já registou diversos momentos marcantes da história.
Evandro fotografou a chegada do general Castello Branco ao Forte de Copacabana durante o golpe militar de 1964; a repressão ao movimento estudantil no Rio de Janeiro, em 1968; e a queda do governo Salvador Allende, no Chile, em 1973. Ele também se destacou no jornalismo esportivo, com a cobertura fotográfica de jogos olímpicos e copas do mundo.
Além disso, é autor de livros como ‘Canudos 100 anos’ (1997) e ’68 destinos: passeata dos 100 mil (2008), sobre a manifestação popular contra a ditadura militar realizada em 1968, no Rio de Janeiro, e organizada pelo movimento estudantil. Uma das fotografias marcantes de Evandro que retratam esse momento da história do Brasil mostra uma multidão de pessoas e, entre elas, uma faixa com a frase: “Abaixo a ditadura. Povo no poder”. Algumas obras de Teixeira podem ser visualizadas aqui.
Foto de capa: Reprodução/Instagram (@silviojesse).
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