Curta-metragem evidencia o abandono do Rio Verruga em Vitória da Conquista

Um olhar atento e sensível sobre o rio que, um dia, foi a única fonte de abastecimento de água de Vitória da Conquista. É isso o que você vai encontrar no curta-metragem “Dentro de mim passa um rio”, dirigido por Erica Daniela, Filipe Gama e Rogério Luiz Oliveira. A partir de entrevistas e imagens atuais, a produção audiovisual aborda o passado, o presente e o futuro do Rio Verruga que, em 2011, foi considerado um dos cursos d’água mais poluídos do Brasil por um estudo da Fundação SOS Mata Atlântica.

O filme nasceu da parceria entre uma fotógrafa e dois professores do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb). Durante pouco mais de vinte minutos, a obra mostra depoimentos de pessoas que guardam o rio na memória e imagens de lugares marcantes para a história do afluente, como a nascente situada na área da Reserva Florestal do Poço Escuro.

Erica Daniela conta que, durante a produção desse trabalho, ela pôde mergulhar nas suas lembranças sobre o rio. “Eu pude unir as memórias de uma infância vívida em contato direto com as nascentes do Verruga aos conhecimentos adquiridos durante minhas formações em Geografia e Cinema”, explica.

Além de retratar a ligação entre o rio e as pessoas que vivem na cidade, o curta-metragem dá ênfase para a poluição das águas e as consequências disso. Para Rogério, que atuou também na direção de fotografia do filme ao lado de Paloma Oliveira, é papel do cinema e do audiovisual lançar luz sobre temas que são silenciados. “A sensação é que muito se sabe a respeito do rio, mas pouco se faz”, enfatiza.

“O silêncio das autoridades, do poder público, das instituições e dos órgãos que deveriam cuidar das questões de saneamento e esgoto nos motivaram a fazer esse filme. Assusta muito saber que existe um rio que atravessa a cidade no qual simplesmente são jogados dejetos e ninguém se incomoda. O Rio Verruga é um tesouro de um munícipio como Vitória da Conquista”, ressalta Rogério.

Filipe Gama, diretor e roteirista do filme, também sente que a produção é uma forma de evidenciar o abandono do rio e o impacto dessa ação destrutiva para o meio ambiente. “Esse abandono custa caro para a própria cidade, para a identificação das pessoas com o seu território, para a infraestrutura. Isso gera problemas graves em períodos de enchentes, por exemplo”, ressalta o professor.

O projeto foi contemplado nos Editais da Lei Paulo Gustavo Bahia, com apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia. O curta-metragem está disponível no Youtube, no canal do programa Janela Indiscreta, com versão que dispõe de recursos de acessibilidade, como interpretação em Libras e legendas.