Artistas realizam ato em defesa do Teatro Carlos Jehovah e do Mercado Rachel Flores
Por Afonso Ribas e Karina Costa - 13 de novembro de 2021
Organizada pelo coletivo 'Só por cima do meu Trabalho', a ação recebeu o nome de 'Ocupação Fuxico'. Os artistas cobraram a revitalização dos locais, além da criação de políticas públicas para a categoria.
Em defesa da preservação do Teatro Carlos Jehovah e do Mercado de Artesanato Rachel Flores, artistas locais realizaram uma manifestação neste sábado, 13, no Centro de Vitória da Conquista. Organizada pelo coletivo ‘Só Por Cima do Meu Trabalho’, a ação recebeu o nome de ‘Ocupação Fuxico’ e aconteceu no próprio teatro, localizado na Praça da Bandeira. Durante o momento inicial da mobilização, foram confeccionados cartazes e uma faixa, que convocava a população para o debate com a pergunta: “vamos fuxicar sobre o assunto?”.
O protesto também incluiu uma oficina sobre a técnica artesanal de costurar fuxicos, peças em formato de flores ou trouxinhas, geralmente feitas a partir do reaproveitamento de retalhos de tecidos. Além disso, foram realizados exercícios da arte do malabarismo e houve um momento de ‘microfone aberto’, em que artistas e cidadãos puderam se manifestar através de discursos, poemas ou qualquer outra forma de produção artística.
O ato foi motivado pelo rumor de que a Prefeitura de Conquista teria a intenção de demolir o Teatro Carlos Jehovah e o Mercado de Artesanato. O projeto do Executivo seria construir nos locais um shopping popular. Em outubro, o secretário de Administração, Kairan Rocha, negou a informação. Mas ainda assim, o acontecimento gerou repercussão entre a classe artística, que trouxe à tona a necessidade de tombar os espaços e oferecer melhores condições de trabalho para os artistas, artesãs e artesãos.
A atriz Shirley Ferreira foi uma das pessoas que participou da manifestação neste sábado, 13. Para ela, é necessário que a Prefeitura dê uma resposta aos artistas, não apenas sobre a possível demolição dos espaços, mas a respeito das políticas públicas para a categoria. “A gente quer mais, queremos falar da construção de outros espaços. Tantos artistas nascem e morrem nessa cidade porque não existem meios para sobreviver. É preciso que a Prefeitura crie meios para que a gente possa desenvolver e melhorar o nosso trabalho”, disse.
De acordo com Manuella Pedra, representante do Grupo Apodío, esse foi apenas o primeiro ato de um movimento que pretende ser contínuo. “A nossa causa é importante porque a cultura é um direito básico de todos”, ressaltou. A ‘Ocupação Fuxico’ foi a 1ª ação presencial realizada pelo coletivo ‘Só Por Cima do Meu Trabalho’, mas o grupo já havia organizado um abaixo-assinado pelo tombamento do Mercado de Artesanato como patrimônio histórico-cultural.
O coordenador do curso de Cinema e Audiovisual da Uesb (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia), Glauber Lacerda, também esteve presente na manifestação. Ele destacou a importância do Teatro Carlos Jehovah para a produção cinematográfica na cidade. “Aqui a gente realiza algumas ações como o Cine em Cena e, até mesmo antes do curso de Cinema, esse era um espaço de cineclubismo, então acho que o local merece ser tombado e não receber qualquer ameaça de demolição”.
A necessidade de revitalizar o teatro e o mercado foi uma das principais pautas defendidas pelos artistas, que denunciaram as condições precárias em que se encontram os espaços. “O telhado está caindo e, quando chove, tem goteiras. Então, não é um lugar bom para as pessoas trabalharem, mas é o único que temos”, contou Síria Carinhanha, representante do Grupo Apodío.
A produtora cultural, artista e presidente do Conselho Municipal de Cultura, Hendye Gracielle, também cobrou a reforma dos locais. “A gente tem que defender esses espaços, não só para que continuem existindo, mas também para que sejam revitalizados e abertos para a utilização de toda a comunidade. Esse espaço é nosso e vai continuar sendo”.
Foto de capa: Conquista Repórter
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