Artistas locais defendem a valorização e manutenção do Teatro Carlos Jehovah
Por Victória Lôbo - 18 de outubro de 2021
Após rumores de que o Teatro e o Mercado Municipal de Artesanato poderiam ser demolidos, a classe artística conquistense se manifestou em defesa dos locais; Projeto de Lei pretende transformar os espaços em patrimônio histórico material do município
“O Teatro Carlos Jehovah é único”, foi assim que Manuella Pedra e Caio Gabriel, integrantes do Grupo Teatral Apodío, definiram o local, que se tornou assunto de discussões, na última semana, devido a um rumor de que poderia ser demolido. Assim como ele, o Mercado Municipal de Artesanato também estaria incluído em um projeto da prefeita de Vitória da Conquista, Sheila Lemos, que transformaria o espaço em um shopping popular.
Os rumores sobre a demolição dos espaços culturais surgiram, inicialmente, no Programa Up Notícias, da Rádio Up. Em seguida, o assunto repercutiu no Blog do Anderson. Porém, o secretário de Administração, Kairan Rocha, afirmou, por meio de nota, que a informação é inverídica. Ainda assim, os locais, que estão localizados no centro da Praça da Bandeira, foram defendidos pela classe artística, que relembrou o abandono por parte do poder público.
Para Manuella e Caio, a arquitetura de teatro em arena do Carlos Jehovah não existe em nenhum outro local da cidade e o teor histórico do espaço é incomparável, já que existe desde 1982. “Ele [o teatro] tem um valor cultural que ultrapassa a malha temporal”, explicaram. O espaço impulsionou a carreira de muitos artistas locais ao mesmo tempo em que abrigou espetáculos e públicos diversos durante os seus quase 40 anos de existência.
“O Teatro faz parte da história de muitos artistas da cidade e é uma barbaridade que ele seja tratado dessa forma, sem respeito e sem estima alguma”, disseram os integrantes do Apodío. Como lugar de memória, o Mercado de Artesanato também já foi protagonista de livros, pesquisas e tem papel fundamental na história do município.
A cultura entrou em pauta
O Grupo Teatral Apodío foi um dos coletivos de artistas que se manifestaram acerca do assunto, por meio de uma publicação em sua página no Instagram. Além dele, o Coletivo POC, a CazAzul Teatro Escola e o cantor Guigga também fizeram relatos em defesa do teatro localizado na Praça da Bandeira.
A possível demolição ainda entrou em pauta no twitter, onde uma usuária questionou: “se o Carlos Jehovah realmente for demolido, quais equipamentos públicos nos restam para ocuparmos com arte e cultura?”. A internauta continuou: “Mesmo sucateado, o espaço se manteve ativo nos últimos anos, viabilizando várias produções independentes como o Sarau Hotel Mambembe, Retiros Autorais, projetos do Sesc e Noites Fora do Eixo”.
De acordo com Manuella e Caio, faltam incentivos financeiros e espaços para a arte em Conquista. “Os trabalhadores da cultura teatral já fazem um espaço acolhedor aos trancos e barrancos, esse é o problema”, ressaltaram ao explicar que é necessário o investimento para que a produção artística seja recorrente no município.
E então, como ficam os espaços culturais?
Nesta segunda-feira, 18, o vereador Andreson Ribeiro (PCdoB) protocolou um Projeto de Lei através do qual o Mercado Municipal de Artesanato e o Teatro Carlos Jehovah podem ser declarados como Patrimônio Cultural Material de Vitória da Conquista, caso seja aprovado pela Câmara Municipal.
Já as diretrizes do plano de governo, cadastradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pela coligação da qual fez parte a prefeita Sheila Lemos e o ex-gestor Herzem Gusmão, prevê, no tópico relacionado à cultura, a “modernização e dinamização dos espaços do Município”. Dentre os locais destacados estão o Teatro Carlos Jehovah, a Biblioteca Municipal, o Conservatório de Música e o Memorial Régis Pacheco.
O Conquista Repórter solicitou à Secretaria Municipal de Comunicação (Secom) esclarecimentos acerca do projeto de governo para o Mercado Municipal de Artesanato e o Teatro Carlos Jehovah. Nós questionamos se há previsão para reforma ou revitalização dos espaços, mas não obtivemos resposta. No entanto, a Secom encaminhou a nota do secretário de Administração, Kairan Rocha, já divulgada pela imprensa local, na qual um dos trechos diz:
“O que a prefeita afirmou é que o mercado de artesanato precisa de reforma, para garantir a segurança dos permissionários e dos consumidores e, entre as ideias que apareceram, está a construção de um moderno shopping popular no lugar, mas, segundo Sheila Lemos, tudo está sendo analisado, nada foi definido, até porque o Governo Municipal vai ouvir os permissionários, as pessoas que atuam lá e a Câmara de Vereadores. Independente disso, o que quer que a Prefeitura faça ali não inclui acabar com o Teatro Carlos Jehovah.”
Foto de Capa: Nagual Pardo/Coletivo Suíça Bahiana
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