Artistas cobram compromisso de candidatos e agentes do Poder Público com o fomento à Cultura

Por - 2 de outubro de 2024

Artesãs, cineastas, atores, músicos, produtores, entre outros representantes do segmento, se reuniram para organizar documento com demandas da categoria para os próximos quatro anos.

Lays Macedo

Valorização dos artistas locais, investimento no setor cultural e a abertura de mais espaços para a apresentação e exposição de arte no município. Essas são algumas das demandas de agentes culturais de Vitória da Conquista que se reuniram na última quarta-feira, 25, na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), para debater as reivindicações da categoria. A partir da discussão, será organizado um documento que deverá ser entregue aos candidatos(as) que disputam as eleições municipais de 2024.

“Os governantes, de modo geral, não nos enxergam como sujeitos ativos, pensantes, que merecem respeito em relação à sua produção”, destacou a cantora e compositora Larissa Caldeira. A insatisfação com a gestão da Cultura na cidade foi algo em comum em quase todas as falas realizadas durante o encontro. “Os eventos aqui priorizam artistas de fora”, disse a violoncelista Jeciana Botelho.

Integrante da Associação de Profissionais da Indústria Audiovisual do Sudoeste Baiano (SASB), Dayse Maria destacou que a arte é também uma fonte de renda e emprego para muitas pessoas na cidade, mas esse aspecto não é levado em consideração pela gestão municipal. “Acho muito grave quando a Cultura não é vista como trabalho. Muitos de nós, artistas, trabalhamos com outras coisas para conseguirmos levar nossos projetos à sociedade. Isso ocorre devido ao tratamento dado ao setor”, ressaltou.

Uma nova reunião da categoria será realizada nesta quarta-feira, 2, a partir das 18h, na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). Foto: Lays Macedo.

A pasta da administração pública que gere o segmento é a Secretaria Municipal de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer (Sectel). Portanto, o orçamento é compartilhado entre as diferentes áreas. Além do baixo investimento no setor, a dificuldade de diálogo com a Sectel para a realização de projetos é outra queixa da categoria. O músico Dirlêi Bonfim contou que, apesar de ter protocolado diversos documentos na secretaria, não conseguiu avançar em tratativas com a Prefeitura de Vitória da Conquista.

Sem espaço para a arte

O abandono de equipamentos como o Cine Madrigal, fechado há mais de 10 anos, do Teatro Carlos Jeovah, desativado há quase cinco anos, e a subutilização do Centro Cultural Glauber Rocha pelos artistas locais, também foram citados como temas urgentes a serem discutidos com a Prefeitura. A cantora Larissa Caldeira reforçou como a falta desses espaços, muitas vezes, inviabiliza a produção artística no município.

“Há uma dificuldade grande para marcar um show na cidade. O (teatro) Carlos Jeovah está acabado. É urgente a revitalização porque nós, enquanto artistas independentes, precisamos desse espaço. Ter um equipamento que, de alguma maneira, favoreça a classe artística, é fundamental. Temos o Centro de Cultura (Camillo de Jesus Lima), mas é difícil ter acesso porque a pauta é disputada”, explicou.

Jeciana Botelho também destacou a ausência de espaços para vivências artísticas no município e a maneira como isso impacta a produção cultural. “Nos falta local para ensaio e para apresentações, nos falta instrumentos e instrutores. A música independente da cidade acaba acontecendo por iniciativa privada ou pela solidariedade da própria classe artística”, afirmou a violoncelista.

Além de estruturar as demandas em um documento destinado aos candidatos(as) de Conquista, os artistas e agentes culturais reivindicam que os prefeituráveis detalhem melhor as propostas existentes em seus planos de governo para a pasta da Cultura. Uma nova reunião da categoria será realizada nesta quarta-feira, 2, a partir das 18h, na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae).

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