Artigo | O abandono do carnaval de rua em Vitória da Conquista 

Por - 28 de fevereiro de 2025

A última edição da festa promovida pela Prefeitura ocorreu em 2019. Ao longo dos anos, a celebração foi esquecida pelo Poder Público municipal.

Secom/PMVC

Fevereiro é sinônimo de carnaval, alegria e tradição. Na capital da Bahia, as ruas são tomadas por multidões, trios elétricos e muito brilho. Mas no interior do estado, mais especificamente em Vitória da Conquista, faz tempo que o carnaval de rua não dá as caras. Com a exceção de iniciativas que resistem ao longo dos anos por persistência de coletivos culturais, não há espaço para a festa carnavalesca no calendário municipal. 

O último Carnaval Conquista Cultural realizado pela Prefeitura ocorreu no ano de 2019. Mas ainda assim, o evento aconteceu em um local pouco democrático, o estacionamento do Boulevard Shopping. Depois disso, veio a pandemia da covid-19. Passada a necessidade do isolamento social, retomou-se muita coisa, menos o carnaval. 

Engana-se quem pensa que o carnaval é só mais uma festa. É arte, cultura, memória, identidade, instrumento político. 

Vitória da Conquista tem uma história marcada por manifestações afro-brasileiras que construíram a identidade carnavalesca da cidade, como batucadas, blocos afro e escolas de samba. Temos figuras como Vó Dôla, que dá nome ao primeiro quilombo urbano do município; o babalorixá Pai Cely, um dos principais responsáveis pela inserção dos afoxés nas festas populares; e Dona Dió, famosa pela Lavagem do Beco. 

Antes das festas privadas em locais pouco acessíveis, tínhamos baianas carregando vasos de flores e água de cheiro pelo Centro na tradicional Lavagem do Beco. Havia as celebrações que reuniam pessoas na Praça da Bandeira e geravam emprego e renda para músicos, artistas, ambulantes e diversos outros trabalhadores.

Mais do que um evento, o carnaval é um movimento que carrega em si a história do próprio município e das pessoas que a construíram. Mas assim como tudo o que é relacionado à Cultura em Conquista, essa festa tradicional foi abandonada e esquecida pelo Poder Público municipal. 

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