Plataforma conecta trabalhadores em situação de vulnerabilidade a oportunidades de renda

O Instituto de Desenvolvimento Sustentável Baiano (IDSB) vai lançar a plataforma digital “Reunir” para conectar trabalhadores e trabalhadoras em situação de vulnerabilidade a oportunidades de geração de renda e visibilidade profissional. Com previsão de lançamento para o dia 31 de outubro, a iniciativa também busca combater o trabalho em condições análogas à escravidão.

A plataforma permitirá que pessoas desempregadas, trabalhadoras domésticas e indivíduos resgatados de situações degradantes possam divulgar seus produtos e serviços diretamente a potenciais clientes, estimulando a autonomia econômica e o fortalecimento de vínculos de trabalho dignos.

“É uma oportunidade de gerar renda através do que há de mais avançado em tecnologia digital, de forma gratuita e sem atravessadores, para os homens e mulheres que produzem e trabalham por conta própria”, destaca o presidente do IDSB, Eduardo Moraes.

Inicialmente, o projeto vai atender 200 pessoas, sendo 130 de Vitória da Conquista e 70 de Barra do Choça, cidades onde há registros de trabalhadores em condições análogas à escravidão, segundo o Observatório da Erradicação do Trabalho Escravo e do Tráfico de Pessoas. As ações de mobilização serão realizadas em locais estratégicos, como CRAS, associações de bairros, SENAC, Prefeituras e espaços de economia solidária.

As pessoas interessadas em participar devem fazer a pré-inscrição por meio de um formulário online. Mais informações estão disponíveis no site ou nas redes sociais do projeto.

A iniciativa do IDSB é realizada em parceria com o Ministério Público do Trabalho, Justiça do Trabalho, Agenda Bahia do Trabalho Decente, Fundo de Promoção do Trabalho Decente e o Governo do Estado da Bahia.

Trabalho na Bahia

Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), a Bahia registrou 1.026.738 admissões e 929.950 desligamentos entre agosto de 2024 e julho de 2025. Em Vitória da Conquista, foram contabilizadas 41.101 admissões e 36.573 desligamentos, com saldo de 4.528 empregos formais no período.

Apesar do crescimento no número de contratações formais, o trabalho em condições precárias ainda é uma realidade na Bahia. De 8 a 18 de junho deste ano, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) resgatou 57 trabalhadores em situação análoga à escravidão nas fazendas Carnaúba e Sisal, localizadas na zona rural dos municípios de Várzea Nova e Gentio do Ouro, no interior do estado. 

Em setembro, uma mulher de 46 anos foi resgatada de uma situação de trabalho doméstico em condições análogas à escravidão em Vitória da Conquista. A vítima passou a conviver com a família empregadora ainda na infância, entre os 10 e 12 anos, e desde então nunca recebeu remuneração. 

Submetida a jornadas cansativas e a condições degradantes, ela permanecia à disposição da família em tempo integral. Além de realizar todas as tarefas domésticas, também produzia alimentos para uma lanchonete que era anexada à residência, onde ainda atuava no atendimento ao público e na limpeza. 

*Maria Eduarda Leite é estudante do 8º semestre do curso de Jornalismo da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) e estagiária do Conquista Repórter.